'Provenientes de Austin, Texas, mas hoje residentes em Chicago e Bruxelas, os Stars of the Lid são o duo de Brian McBride e Adam Wiltzie. Foram parte fulcral de um grupo de bandas associado ao selo norte-americano da Kranky, que, com gente como os Windy & Carl, Magnog, Philosopher's Stone ou Labradford, reinventou as coordenadas das músicas abstractas, ambient, espaciais, focadas no domínio do cósmico e do intangível (sob o rótulo do mui abrangente pós-rock). Como sempre, no que concerne a designados movimentos de artistas originais, em meados desses anos 90 pareceram confluir, por razões irmãs e influências semelhantes, estes e outros projectos, que sonhavam estrelas nos tectos dos seus quartos, movendo-se a beleza e a tripe cósmica, em busca de salvações celestes. Enquanto os Labradford parecem ter terminado o seu percurso como tantos outros ("Prazision", o histórico álbum de estreia, foi agora reeditado), os Windy & Carl parecem ter abrandado na quantidade de trabalho (apesar do sublime último registo, ainda pela Kranky), os Stars of the Lid, lentamente, continuam a amassar um corpo de trabalho notável, que continua a fazer todo o sentido enquanto organismo vivo e em evolução. Vão-se dedicando progressivamente a notáveis explorações de cariz orquestral para secções de cordas, com acompanhamento e processamento electrónicos, nunca deixando as suas metafísicas guitarras para trás. Continuamos, como sempre, a ver neles o Eno ambiental, Harold Budd ou as passagens sem voz dos últimos dois discos dos Talk Talk, mas o lado Gavin Bryars (especialmente "The Sinking of the Titanic") vem cada vez mais grandiosamente ao de cima. Situam-se entre os reis da música abstracta fundada na orquestração da harmonia e da melodia, no universo da designada clássico contemporânea (com muito Gorecki e Arvo Pärt à mistura), inventando um novo espaço estético. Miles Davis escreveu na autobiografia dele, a citar o Prince, qualquer coisa como: "os pretos, quando vão para a cama, ouvem tambores. Os brancos, ouvem cordas". Stars of the Lid, beleza e amor em estados puros e universalizantes, para quem ainda se rala com essas coisas. É a primeira produção ZDB Muzique / Filho Único numa sala de cinema, ainda para mais numa das nossas mais estimadas na cidade, a sala do Nimas, onde Adam Wiltzie e Brian McBride serão acompanhados de um projeccionista e de um quarteto de cordas. Bons voos'. - Filho Único Quinta 6 /12, às 22h NO CINEMA NIMAS - Beatificação_cósmica_sessions