Adeus 2007. Até 2008!
Howard Skempton: Lento (1990)
BBC Symphony Orchestra
Mark Wigglesworth
Tony Coe andou sempre em boa e diversificada companhia: Clarke-Boland Big Band, Derek Bailey, Stan Getz, Dizzy Gillespie, Kenny Wheeler (Coe, Wheeler and Co.), London Sinfonietta, só para dar uma ideia da versatilidade do som de saxofones (tenor e soprano) e clarinete do soprador britânico, tão dextro a tocar dentro como fora. Em 1978, o produtor Howard Lambert, interessado em preservar a música que os jazzmen britânicos iam fazendo no decurso da década de 70, gravou Coe-Existence nos estúdios da BBC, em Londres. O disco foi editado na Lee Lambert, pequena editora independente que Lambert fundara no início da década. Entretanto, esta refrescante e atípica sessão de bop-groove revisto e actualizado pelo olhar brit jazz, perdeu-se durante três décadas, até que há uns anos a Whatmusic resolveu republicá-lo em CD e LP. Mantém-se a minutagem (40') e o alinhamento do LP original (Rio Vermelho; Lover Man; Killer Joe; Don't Get Around Much Anymore; Você; What Are You Doing For The Rest Of Your Life?; Lee Thompson's Blues; I'm Getting Sentimental Over You), jazz mainstream autêntico e com personalidade, tal como executado pelo quarteto em 78, com sopros (Tony Coe), piano (John Horler), contrabaixo (Ron Rubin) e bateria (Trevor Tomkins). Entre duas folhas de jornal, cai muito bem na última tarde de 2007.
Morton Subotnick - Touch
Created by Morton Subotnick on the Buchla Electronic Music System
Side One: Touch (Beginning); Side Two: Touch (Conclusion)
Subotnick has been one of the most important electronic music composers. When his pieces like Silver Apples of the Moon and The Wild Bull were released on LP in the late '60s, they were striking demonstrations that true new music could be exciting, vibrant, and readily accessible. Subotnick's deft, masterful touch was much more appealing than other electronic music emerging from academic settings. This is an excellent piece. There are rapid pulses, layered gestures, dense passages of percolating rhythms. The music is distinctive, otherworldly, sophisticated, and holds up well. The quality of these old analog tapes is quite good. (LP Columbia, 1969)
Morton Subotnick, Silver Apples of the Moon/The Wild Bull (1967/1968)
Domingo 30 de Dezembro, 19h30
Associação Bacalhoeiro, Lisboa
Alípio C. Neto Trio
Alípio C. Neto_saxofones
Diogo Palma_contrabaixo
Gabriel Ferrandini_bateria
guest stars
Ernesto Rodrigues_viola
Rodrigo Amado_saxofone tenor
Lizuarte Borges_saxofone alto
Johannes Krieger_trompete
Eduardo Chagas_trombone
Steve Lacy Quintet, ao vivo no Studio 104, Radio France. Paris, 17.10.1976.
1. The Crust; 2. Micro Worlds; 3. The Throes; 4. Flakes.
Steve Lacy, saxofone soprano; Derek Bailey, guitarra elec.; Irene Aebi, violoncelo, voz; Kent Carter, contrabaixo, violoncelo, harpa; e Noel McGhie, bateria.
Já muito se disse e redisse sobre este enigma que Sun Ra nos deixou e não há quem explique o mistério. É realmente um disco do outro mundo, que nos faz crer que há vida em Saturno, isto para quem ainda não sabia ou, recalcitrante, se recusava a acreditar na evidência. Electrónico, analógico, cosmológico, cheio de reverberação e efeitos estranhos, Strange Strings é um dos discos mais profundamente out do visionário Ra, um caso à parte na discografia do mestre, gravado em Nova Iorque no ano de 1966. Strange Strings lançou das bases do imenso manancial de ideias e formas musicais que viria a ser desenvolvido na década seguinte, aquela que melhores e mais desvairados frutos trouxe ao nosso imaginário musical. Uma obra de arte, este disco, em reedição recente do programa Unheard Music Series, da Atavistic, em conjugação com El Saturn. Sun Ra and his Astro Infinity Arkestra. Sun Ra, Marshall Allen, Danny Davis, John Gilmore, Pat Patrick, Robert Cummings, Ali Hassan, Carl Nimrod, Ronnie Boykins, James Jackson, Clifford Jarvis e Art Jenkins... I’m painting pictures of things I know about, and things I’ve felt, that the world just hasn’t had the chance to feel... I’m painting pictures of another plane of existence, you might say, of something that’s so far away that it seems to be nonexistent. I’m painting pictures of that, but it is a world of happiness which people have been looking for or say they wanted, but they haven’t been able to achieve it. - Sun Ra. E agora, ladies and gentlemen, Some Blues But Not The Kind That's Blue. ASTRO-BLACK MYTHOLOGY, by Ben Schot
Abstracção e experimentalismo são os parâmetros de enquadramento da música do basco Joseba Irazoki, em OLATUETAN (Creative Sources Recordings), disco de 2006. A guitarra ainda tem espaço para ser questionada e Irakozi (guitarra eléctrica e acústica, lap steel e banjo) segue os princípios dos vultos a quem rende homenagem e dedica o disco, o norte-americano Robbie Basho e o britânico Derek Bailey, músicos que procuraram não tanto seguir as pegadas dos mestres do passado, mas, formulando o mesmo tipo de questões, tentar obter respostas diferentes. Seguindo por essa via, Olatuetan é um disco conseguido, resultante do balanço entre improvisação idiomática e não-idiomática (com Bailey, esta última era ela própria um idioma autónomo), equilíbria forma e abstracção, raga e pontilhismo, com uma pitada de folk à maneira de Eugene Chadbourne, a denotar atenção sobre o que se faz actualmente com as seis cordas na Europa, na América e no Japão. A partir deste caldo de cultura e dos traços e influências que processou, Irazoki sabe organizar e trabalhar sobre o acervo de micro-sons electroacústicos e texturas de ruído modulado, capaz de surpreender o ouvinte. Mostra desenvoltura e capacidade de problematizar sem se deixar cair na tentação do tecnicismo exibicionista ou da exposição de um mostruário de improvisação experimental. O que Joseba Irazoki faz aqui – fora de outro tipo de trabalho ligado a formas pop ou jazz, que também cultiva – é deambular livremente por linhas irregulares e assimétricas, questionar as convenções e desenvolver renovadas possibilidades de combinação sonora a partir do imenso livro da guitarra eléctrica e cordofones conexos. Feitas as contas, do País Basco, bom vento e bom encordoamento.
Na imperdível
Tomajazz, fanzine de
Pachi Tapiz, feita a partir de Pamplona, Espanha,
Fernando Ortiz de Urbina,
Diego Sánchez Cascado e o próprio Pachi
entrevistam mestre Anthony Braxton.
Recordando Derek Bailey, desaparecido a 25 de Dezembro de 2005
Ring them bells, ye heathen / From the city that dreams / Ring them bells from the sanctuaries / Cross the valleys and streams / For they're deep and they're wide / And the world's on its side / And time is running backwards / And so is the bride. - Bob Dylan
¡¡¡Bienvenidos a ORO MOLIDO!!!
Aquí lo tienes.... cumpliendo nuestra promesa de sacar tres números al año. Este es el 21, en pleno mes de diciembre. Puedes aprovechar e incluirlo en tu lista de regalos. Aquí está su contenido:
Para empezar, nuestro colaborador y amigo más antiguo en ORO MOLIDO, Rogelio Pereira, nos sigue obsequiando con entrevistas bien bonitas. En esta ocasión, pasó el cuestionario a Victor Gama, músico y constructor de instrumentos, de origen angoleño.
Nuno Catarino, desde Lisboa, nos cede una entrevista realizada al improvisador Evan Parker, quien visitó la ciudad nuevamente el año pasado. En su participación en el festival Jazz em Agosto 06, el músico de Bristol fue destacado en la programación con una actuación en solo y la conferencia sobre el músico John Coltrane, al que estuvo dedicado / homenajeado buena parte del festival, en el cuarenta aniversario de su fallecimiento. Este número también aporta dicha conferencia, gracias al propio Evan Parker y Bill Shoemaker (Point of Departure).
Aprovechando la coyuntura parkeriana, ya tocaba dedicar el dossier del sello discográfico a Psi Recordings, aquí en su primera parte, con reseñas de nuestros colaboradores portugueses Eduardo Chagas y Rui Eduardo Paes y de tomajazz, Patxi Tapiz y Jesús Moreno.
El capítulo de Escenarios lo compartimos escribiendo con Rubén Gutiérrez del Castillo con actuaciones en Madrid; de Francia las trajo Jesús Moreno, y Nuno Catarino visitó nuevamente la Fundación Calouste Gulbenkian, para escribir sobre Jazz em Agosto 07.
El apartado final lo conforma el artículo sobre notación gráfica de Pelayo Fernández Arrizabalaga. Amigo y colaborador de ORO MOLIDO con experiencia en distintos campos artísticos, nos remite una bonita muestra de partituras gráficas y comenta su experiencia profesional con ellas. Pronto estarán disponibles para una mejor visión, en color, en nuestra página web.
Cerramos con Flores... y Coronas e intercalamos las citas que hemos considerado interesantes en este próximo trimestre.
Desde aquí mi sincero agradecimiento a los colaboradores, a tod@s l@s que creemos en la música viva. Saborea la diferencia.... incluso en Navidad. Feliz 2008.
Chema Chacón, 21 de diciembre de 2007.
Estreia do Velhote pela pena de Thomas Nast na Harper's Weekly de 3.1.1863
Passaram 10 anos. Foi em 1997 que Peter Brötzmann pôs em movimento aquela que começou por ser uma experiência transgeracional e geográfica de improvisar a dez, num contexto de liberdade formal, e viria a constituir um dos grupos mais interessantes de sempre do veterano soprador de Wuppertal, Alemanha – o Chicago Tentet. Com ligeiras alterações de titularidade, o Tentet manteve-se estável, apesar de não ser fácil ligar Chicago, Nova Iorque e várias cidades europeias. Foi em 1997 que se iniciou a ponte aérea entre Berlim, Oslo, Estocolmo e Chicago, atestada pela edição do triplo The Chicago Octet/Tentet, gravado parte em estúdio, parte no Empty Bottle. Para assinalar a efeméride, Brötzmann organizou um concerto comemorativo no âmbito do Molde Jazz Festival, na Noruega, em 20 de Julho passado. Joe McPhee, Peter Brötzmann, Kent Kessler, Michael Zerang, Johannes Bauer, Per Ake Holmlander, Fred Lonberg-Holm, Mats Gustafsson, Ken Vandermark, Mats Gustafsson e Paal Nilssen-Love, em três 'singles': Ten By Ten (39’06); Little By Little (11’52); Step By Step (22’57). 10 Years - At Molde 2007 saiu há dias na Okka Disk.
No que eu me fui meter... Disse aqui há dias que não fazia o malfadado top ten, por isto e por aquilo, etc. e por aí adiante, não sei já como nem porquê. Rei só há um, dizem... Entretanto, toma, levei com um coro (e com um ou outro coiro) de reclamações por falta da lista, objecto pelo qual nunca morri de amores. Como resolver o problema sem ceder a pressões político-musicais? Difícil, esta arte do equilíbrio. Eis que me surgiu uma já esperada prenda. Laurence Svirchev, o crítico, teve a amabilidade de me indicar a listinha dele (bem escolhido, Laurence, um abraço!) e a de uma quantidade de magníficos opinadores que escrevem regularmente para a Jazz House. Aqui há para todos os gostos e é só escolher o fatinho à medida do cliente. Sai-se satisfeito e não se paga nada. A lista de Stuart Broomer também não está nada mal. Afinal, para que é que interessava a minha?
Pharoah Sanders - Journey to the One
1. Greetings To Idris; 2. Doktor Pitt; 3. Kazuko (Peace Child); 4. After The Rain; 5. Soledad; 6. You've Got To Have Freedom; 7. Yemenja; 8. Easy To Remember; 9. Think About The One; 10. Bedria.
Pela rede chegou-me a edição japonesa deste Pharoah Sanders tardio, Journey To The One, duplo LP publicado pela Theresa, pequena editora independente de S. Francisco. Com tardio quero dizer de 1980, isto é, cronologicamente longe do período final de Coltrane e do pós coltraneanismo partilhado com Alice, mas musical e espiritualmente próximo do Pai. Sanders, que segundo Albert Ayler, o Holy Ghost, ocupava o lugar do Filho dessa trindade. Quem não se pela por voltar a ouvir After the Rain, de J. C., Greetings To Idris e outras preciosidades que preservam intacto o espírito e a forma dos anos Impulse!, executados por um grupo alargado de músicos que gravaram com Pharoah Sanders no Automatt and Bear West Studios, em S. Francisco, Califórnia, de que destacaria Eddie Henderson (flugelhorn); John Hicks e Joe Bonner (piano); Paul Arslanian e Bedria Sanders (harmónio); Ray Drummond e Joy Julks (contrabaixo); Idris Muhammad e Randy Merritt (bateria); Phil Ford (tabla); e Babatunde (shekere, congas). Pharoah Sanders
Morton Feldman, String Quartet (1979), pelo Ives Ensemble. Acaba de sair na Hat [Now] Art. The string quartet has a special place in classical music, second in importance among ensembles only to the orchestra.The string quartet repertoire is rich, ranging from the 18th and 19th century Classicists and Romantics—Haydn, Mozart, Beethoven, and Schubert most prominently—to Modernists of the past century—Bartok, Shostakovich, and Milhaud among the most prolific and respected. Even iconoclasts like Schönberg, Berg, Babbitt, and Carter confirmed a connection to the tradition and created works which adhered to the formal logic and dramatic ambience of those of their predecessors while incorporating their own compositional procedures. But there have been exceptions as well, extremist composers who rejected the genre outright, or distorted it beyond recognition. Morton Feldman fits into the latter category...or does he? — Art Lange
O mestre austríaco
Wolfgang Muthspiel em concerto de guitarra eléctrica solo, mais efeitos, gravado ao vivo nos estúdios da BBC. Esta semana, no
Jazz on 3.
Grosse Abfhart, ou a Grande Partida, octeto formado por Serge Baghdassarians (electrónica), Boris Baltschun (electrónica), Chris Brown (piano, electrónica), Tom Djll (trompete), Matt Ingalls (clarinete), Tim Perkis (electrónica), Gino Robair (sintetizador analógico) e John Shiurba (guitarra), uns da familia Braxton (Shiurba, Robair, Ghost Trance Music); outros, parentela próxima. Com tanta electrónica a bordo deste zepellin carregado de hidrogénio, o risco de despenhamento e explosão era real, por causa da putativa interferência com os comandos de voo. Além disso, somando sintetizador e guitarra eléctrica, poder-se-ia pensar que Erstes Luftschiff zu Kalifornien (Creative Sources 065), título deste episódio associativo entre músicos alemães e californianos houvesse de resultar numa massa sonora compacta e de elevado volume, sem nuance nem detalhe. Suposição errada, pois nada nos movimentos do Luftschiff a caminho da Califórnia vai aos trambolhões, não há sheriff nem tiros para o ar. Os cinco desdobramentos da peça são duma rara ductilidade e subtileza em escala diminuta. Para se perceber o que se passa é necessário fazer um penetrante zoom auditivo e estar atento ao mínimo sinal, porque a movimentação é quase imperceptível. Por vezes, mal se dá pelos sinais vitais, a música quase perde o pulso; noutras, como é o caso de Interkontinentale Luftshiffhart, crescem estalagmites de piano e guitarra em direcção ao espaço sideral, intervaladas por silêncios ameaçadores. Aos poucos, as formas começam a revelar-se a partir da quase ausência de som. Por cima do sussurro, camada fina de electrónica, crescente marulhar das ondas, reconhece-se um silvo de clarinete, um restolhar de trompete, o lento gotejar do piano. Parece que nada se passa mas a tensão está lá, presente ou eminente. Quando a Europa se encontra com a Bay Area de S. Francisco tudo pode acontecer, e desta vez aconteceu magia. Há vida e música com ideias nesta estimulante perspectiva de um novo Summer of Love euro-americano.
Sonatas para piano de grandes compositores russos da primeira metade do Séc. XX, Scriabin, Prokofiev e Shostakovich. Só faltam Rachmaninov e Stravinsky para a festa ser mesmo integral.
Quinta 20, 22h30 - Associação Bacalhoeiro, Lisboa
VARIABLE GEOMETRY ORCHESTRA
'Um evento com muitos músicos a sonorizar os dois andares do Bacalhoeiro'
http://variablegeometryorchestra.wordpress.com/
Já se anuncia o
25e Festival International de Musique Actuelle de Victoriaville, de
15 a 19 de Maio de 2008. Este ano com duas cabeças de cartaz:
Art Bears “Songbook” —
world premiere, com
Chris Cutler, Julia Eisenberg, Carla Kihlstedt, Zeena Parkins, Kristin Slipp e
Fred Frith; e
John Zorn “The Dreamers”, com
Cyro Baptista, Joey Baron, Trevor Dunn, Marc Ribot, Jamie Saft, Kenny Wollensen e
John Zorn.
À semelhança da festa que fizemos no #211 da AVENIDA, com 13 concertos, em 13 salas numa sexta-feira 13, irá haver 21 concertos - não em 21 salas – de um grupo de gente que vai tornando a tuga um sítio incrível para se presenciar música contemporânea, medido em que escala seja (ainda para mais em véspera de solstício). As portas abrem às 21h e o som arranca às 21h30, logo com três concertos - Phoebus e p.ma, Osso Exótico com Francisco Tropa e Heatsick, pelo que atrasar é mesmo desperdiçar. Mais, para quem não está numa de jantar a correr para chegar a horas, a Comida do Povo vai fazer também refeições a 5€ (cous cous vegetariano e brownies).
Um bom Natal para vocês. 2008 vai ser bonito.
Beijos e abraços,
Filho Único
INSTAL.... Glasgow, Escócia, 3 dias de festa em Fevereiro de 2008, de 15 a 17 - Brave New Music: A 3-day festival of experimental music, sound and performance. This year we've pulled in a clutch of artists to create a series of events that each explore different aspects of music that doesn’t quite fit any given category.
Há que tirar o chapéu a Andrew Drury por este disco de percussão solo. O que mais admiro na arte deste percussionista de Brooklyn, Nova Iorque, em particular neste Renditions – Solos 2004-2007 é a capacidade de evocar toda a sorte de sons naturais ou culturais, da natureza ou industriais, pessoas a respirar ou máquinas a trabalhar, sons orgânicos a imitar electrónicos. Todas as superfícies são percutíveis, além das folhas de serra, berlindes em caixas, peles, contentores de plástico e metal, quase sempre metal contra metal. Com uma panóplia de instrumentos e artefactos, Drury faz soar granizo em chapa de zinco, putos na rua a rodar com arcos e gancheta, um desporto que já não se vê praticar, eléctricos a deslizar sobre carris, carros que passam ao longe numa auto-estrada, aviões, pássaros, ondas no mar, insectos, o que se quiser, basta encostar o ouvido à percussão, deixar-se conduzir e imaginar outras fontes, outros sons. Andrew Drury, artista completo, tanto debica na pop, como no klezmer ou na new music, toca nas ruas e nos estúdios, partilha palcos e festivais na América e na Europa com artistas tão diferentes e poli-facetados como Myra Melford, Mark Dresser, Briggan Krauss, Jack Wright, Michel Doneda, Mazen Kerbaj, Jason Kao Hwang, Wade Matthews, Reuben Radding e de tantos mais, além de baterista de jazz (estudou com o grande Ed Blackwell) toca piano e trompete, e é também um compositor com ouvido culto e educado com queda para a melodia, ao mesmo tempo que trabalha em grupos fora do ambiente downtown de Nova Iorque. Este Renditions – Solos 2004-2007 (Creative Sources Recordings, 2007), irresistivelmente áspero e complexo, arrepiante nas suas fricções metálicas e bruscas explosões de ruído, é um disco arriscado, mesmo dentro do contexto mais “natural” num músico com as características de Andrew Drury.
I am happy to share the exciting news that Sky Blue received two Grammy nominations, one for Best Large Jazz Ensemble and one for Best Instrumental Composition (Cerulean Skies)! We couldn't have done it without the help and support of all the participants, especially the ArtistShare Gold, Silver, Bronze and Executive Producer Participants. Most of all, I feel so happy to share this honor with all these incredible musicians represented on this recording who brought life to the music each in their own very personal way, with our amazing engineer, Joe Ferla, all the assistants who contributed to this recording, and Ryan Truesdell, my wonderful co-producer and mainstay of support.
I can't thank you all enough and I share this wonderful achievement with all of you who each helped make it happen.
Most Sincerely,
Maria Schneider
Dennis González Yells At Eels - Hymn for Julius Hemphill
Yells At Eels with guests Tim Green on tenor sax and Scott Bucklin on piano play the song that's been in Dennis González's repertoire for 16 years, live at St. Paul United Methodist Church on Tuesday, December 11, 2007.
Frank Denyer - Music for Shakuhachi (Another Timbre)
Ao jantar...THE FISH...Live at Olympic Café & Jazz à Mulhouse, numa reprise da tremenda malha da Ayler Records (2007), com Jean-Luc Guionnet (saxofone alto), Benjamin Duboc (contrabaixo) e Edward Perraud (bateria). À sobremesa, THE RETURN OF THE NEW THING, com os mesmos Perraud e Guionnet, mais Dan Warburton e François Fuchs. Jantar animado. Ausência de corpo / Presença de alma / Num mundo futuro / Sem fronteiras...
Clear or Cloudy: gravações de György Ligeti na Deutsche Grammophon
Disc 1:
Sonata for Solo Cello--Matt Haimovitz, cello;
Six Bagatelles for Wind Quintet--Members of the Chamber Orchestra of Europe;
String Quartet no. 1 "Métamorphoses nocturnes"--Hagen Quartet;
Ten Pieces for Wind Quintet--Vienna Brass Soloists;
String Quartet No. 2--LaSalle Quartet
Disc 2:
Atmosphères for large orchestra--Vienna Philharmonic, Claudio Abbado;
Volumina for organ--Gerd Zacher, organ;
Lux aeterna for 16 voices--Choir of North German Radio Hamburg;
Organ Study no. 1 "Harmonies"--Gerd Zacher, organ;
Lontano for orchestra--Vienna Philharmonic, Claudio Abbado;*
Ramifications for strings--Ensemble Intercontemporain, Pierre Boulez;
Melodien for Orchestra--London Sinfonietta, David Atherton
Disc 3:
Aventures--Ensemble Intercontemporain, Pierre Boulez; Nouvelles
Aventures--Ensemble Intercontemporain, Pierre Boulez;
Cello Concerto--Jean-Guihen Queyras, cello; Ensemble Intercontemporain, Pierre Boulez;
Chamber Concerto--Ensemble Intercontemporain, Pierre Boulez;
Mysteries of the Macabre--Hakan Hardenberger, trumpet;
Double Concerto for Flute and Oboe--Members of the Chamber Orchestra of Europe
Disc 4:
The Big Turtle Fanfare from the South China Sea--Alfons & Aloys Kontarsky, pianos;
Monument-Self-portrait-Movement--Alfons & Aloys Kontarsky, pianos;
Piano Study no. 2 "Cordes à vide"--Gianluca Cascioli, piano;
Piano Study no. 4 "Fanfares" Gianluca Cascioli, piano;
Piano Concerto--Pierre-Laurent Aimard, piano;
Violin Concerto--Saschko Gawriloff, violin; E. Intercontemporain, Pierre Boulez
Fora de tops 10 e outras brincadeiras, um dos melhores discos que ouvi em 2007 foi este The Perfume Comes Before the Flower, do Alípio C Neto Quartet. Em outubro passado opinei assim: 'Alguns discos (Whishful Thinking, Snug as a Gun…) e vários grupos depois (Wishful Thinking, IMI Kollektief e DIGGIN’), a certa altura percebia-se que devia estar prestes a nascer o opus magnum da ainda breve carreira discográfica de Alípio Carvalho Neto. E aí está, The Perfume Comes Before the Flower, disco de 2007 (Clean Feed), nascido para o mundo com a força das coisas ingentes e com a urgência de afirmar um som maduro, articulado e processado através de uma linguagem musical moderna e com ideias assertivas, algo que poucos improvisadores, do jazz e de fora dele, podem reclamar para si com inteira propriedade. The Perfume Comes Before the Flower é fruto de decisões claras (e clarividentes), de muita prática quotidiana, estudo, trabalho e meditação. E talento. Que aqui existe a rodos, visto que para além do saxofonista, participam no quarteto americano de Alípio C Neto, quatro dos melhores improvisadores da actualidade, de Nova Iorque e de todo o mundo: o trompetista Herb Robertson, o contrabaixista Ken Filiano, e o baterista Michael T. A. Thompson, creditando-se do tubista californiano Ben Stapp em três das cinco faixas do disco (1. the perfume comes before - early news; 2. the will – nissarana; 3. the flower – aboio; 4. the pure experience – sertão; 5. la réalité - dancing cosmologies). Pessoalmente, tive o privilégio de ter escutado este disco ainda em cru, acabado de chegar de Nova Iorque onde tinha sido gravado. De imediato me impressionou a força do quarteto, a concentração expositiva e o bem tricotado das composições, propositadamente flexíveis nas juntas para deixar entrar e sair a torrente da improvisação. Sou de há anos um apreciador do som de saxofone tenor de Alípio. Gosto das suas tonalidades quentes, “tropicais sem serem tropicalistas”, como disse um dia em entrevista, das arestas por limar, do poder do som cru, que se dá tão bem no desenho de uma melodia – e Alípio sabe escrever uma melodia! – como no reforço das complexas estruturas harmónicas, ou nos solos, reveladores de aromas e essências intemporais, património genético onde reconheço vestígios de Frank Lowe, Pharoah Sanders ou John Gilmore. Difícil, se não mesmo impossível, se torna fazer sobressair individualidades do seio da banda, unidade perfeita na diversidade que encerra, que assim se mostra nos tempos de entrada e de saída, fulminante no ataque, sem medo de arriscar tudo na improvisação, na garra com que se atiram à luta, na atitude criativa, solidez, balanço, variação dinâmica, com o à vontade próprio duma working band muito rodada (que não teve tempo nem propósito de o ser, pois foi chegar, mostrar as composições, trocar uma ideias e gravar), cujos processos criativos flúem com assinalável eficácia e naturalidade. Que dizer, que ainda não tivesse sido dito, sobre o sopro luminoso e coruscante de Herb Roberston; a fantasia e a precisão de Ken Filiano, no pizicatto como no arco; a espessura e a densidade da tuba de Ben Stapp, o drumming incomparável de T. A. Thompson... O drive colectivo é potente e descontraído, cheio de manha e sabedoria, particularmente assinalável quando os quatro (ou cinco) se lançam declive abaixo, velocidade nas curvas apertadas e nas rampas sinuosas, para, chegados ao fundo, descomprimir e iniciar nova subida até ao cume mais alto, ficando-se sem saber se o perfume chega antes da flor, como o título sugere, ou se é a flor, que viçosa, nasce primeiro e exala esta irresistível fragrância. O que importa é que, chegado o termo da jornada, apetece aspirar de novo e partir para outra aventura nesta fantástica montanha russa de sons, cores e aromas. Melhor que tudo é ouvir e deixar-se maravilhar e comover ante tamanha “oferta”. Dito isto, The Perfume Comes Before the Flower é um disco muito bom, de intenso prazer físico e emocional". - Dedicado a Filipa (Ana Filipa Pimentel).
ACN
Em boa hora a ESP-Disk descobriu e editou o registo radiofónico de um concerto de 1966 do trompetista Don Cherry (1936-1995) com Gato Barbieri (saxofone tenor), Karl Berger (vibrafone), Bo Stief (contrabaixo) e Aldo Romano (bateria). Neste encontro histórico o estilo de Cherry descende na linha recta do quarteto de Ornette Coleman, de que o trompetista tinha feito parte até 1962, ainda a dar os primeiros passos na carreira a solo que viria a desenvolver até ao fim dos seus dias por cá. LIVE AT CAFÉ MONTMARTRE 1966, gravado logo a seguir à saída de Complete Communion – obra-prima editada no final de 1965, documento essencial para se entender o jazz daquela década, e que constituiu a estreia de Cherry como líder – já apresenta um esboço do que viria a ser o seu trabalho nos anos subsequentes, nas áreas do free e do world jazz. Nessa actividade de permutação do jazz com a música de outras culturas, africana e asiática, sobretudo, Don Cherry é justamente considerado um pioneiro. Voltando a Live at Café Montmartre 1966, os cinco temas em formato de suite ou meddley (Cocktail Piece; Neopolitan Suite: Dios e Diablo; Complete Communion; Free Improvisation: Music Now e Cocktail Piece - end), gravados ao vivo no afamado clube de Copenhaga, Dinamarca, local que Cherry conhecera antes com Albert Ayler, os New York Contemporary Five e com Sonny Rollins, partem invariavelmente de frases curtas, que se desenvolvem com muita animação em movimentações rápidas de inesgotável energia. Gato Barbieri é o mais atrevido em cena, o que é natural, pois tinha feito parte da gravação de Complete Communion meses antes, e assume papel de relevo condução do trio reunido na Europa de propósito para esta festa.
Foi editado ontem, 15 de Dezembro, e é provavelmente o monumento do ano que está acabar: a Transparency editou uma caixa com 28 discos, onze concertos integrais, mais de 26 horas de música, retiradas da residência que Sun Ra realizou no Detroit Jazz Center em 1980. Já tinha ouvido cochichar sobre o que me pareceu possível embora pouco provável, mas o certo é que é mesmo verdade. The Complete Detroit Jazz Center Residency, de que já havida sido publicado Beyond The Purple Star Zone, inclui sobretudo inéditos e é vintage Sun Ra com a Omniverse Jet-Set Arkestra, daquele que é para muito boa gente o melhor período do mestre, toda a década de 70, em particular os últimos anos. Sun Ra em órgão, sintetizador e piano, Marshall Allen e John Gilmore, saxofones; Michael Ray e Walter Miller, trompetes; June Tyson, voz e dança; Tony Bethel, trombone, Vincent Chancey, trompa; Danny Thompson, contrabaixo e flauta; James Jacson, fagote; Skeeter McFarland e Taylor Richardson, guitarras; Richard Williams, contrabaixo; e Luqman Ali, bateria. A edição é de 400 exemplares, numerados. Recebi hoje um e-mail a informar que na ReR Megacorp está anunciado em pré-encomenda por £45. Na Downtown Music Gallery vale $85.
Sun Ra and his Omniverse Jet-Set Arkestra
EKYU #1 [insub22]
Christophe Berthet: saxofone alto; Cyril Bondi: bateria e percussão; Christian Graf: guitarra, loops; Raphaël Ortis: baixo. Honesto e bem feito. EKYU est un quartet qui aime intégrer, détourner ou transmuter quantités de langages musicaux actuels afin d’en proposer des lectures résolument personnelles d’où émergent des conversations musicales multiformes.Les musiciens qui constituent ce 4tet sont des improvisateurs et compositeurs reconnus, habiles à modifier ou redessiner les frontières entre matériau écrit ou matériau improvisé, ou tout simplement à saisir l’instant musical.
Frank Morgan, o saxofonista do som macio e elegante, morreu há dias. Discretamente, como o foi durante os quase 74 anos de vida. RIP.
John Stevens - Freebop (Affinity Records, 1982)
1. Blue Line; 2. Rhythm Is; 3. Take Care; 4. Okko; 5. Kook
Gordon Beck, piano; Jeff Clyne, contrabaixo; Jon Corbett, trompete; Pete King, saxofone alto; Paul Rutherford, trombone; John Stevens, bateria. Gravação ao vivo no South Hill Park Arts Centre, Bracknell Jazz Festival, em 3 de Julho de 1982.
É hoje! Já esteve prometido, foi falso alarme, mas agora é mesmo de vez. Esta noite, às 23 badaladas e meia do Big Ben, sobe ao palco do
Jazz on 3,
BBC Radio 3,
Simon H. Fell, cinco anos depois de lhe ter sido encomendada uma obra pela estação britânica. Trata-se de
Composition No. 75: Positions & Descriptions, peça estreada este ano no
Huddersfield Contemporary Music Festival, com
Simon H. Fell a dirigir um ensemble alargado, composto por
Chris Batchelor, Steve Beresford, Tim Berne, Joby Burgess, Rhodri Davies, Jim Denley, Phillip Joseph, Joe Morris, Damien Royannais, Clark Rundell, Mark Sanders, Andrew Sparling, Philip Thomas, Mifune Tsuji e
Alex Ward – numa peça definida como indo “de Mahler ao tango via Xenakis e Ellington". É essa actuação que a BBC transmite durante a semana, de 6ª a 6ª, no
Jazz on 3.
SERRALVES: JORNADAS NOVA MÚSICA - 10 ANOS
14 Dez - 15 Dez 2007 - AUDITÓRIO
No fim-de-semana de 14 e 15 de Dezembro, a Arte no Tempo apresenta no Auditório de Serralves um conjunto de actividades com que comemora o 10º aniversário da primeira edição das
Jornadas Nova Música (Aveiro, 1997).
Revivendo o espírito de um espaço de partilha por onde passaram nomes como Emmanuel Nunes, Salvatore Sciarrino, Philippe Hurel, Beat Furrer, Pascal Gallois, Christophe Desjardins e Edwin Roxburgh, mas também dezenas de jovens estudantes que hoje trabalham como profissionais na área da música, surge um evento em que é precisamente a geração “Nova Música” que está agora em destaque.
Mantém-se a vontade de fazer e partilhar música, de reflectir e discutir, de ouvir os mais jovens e estudantes, de cuidar com rigor o terreno fértil da criação, interpretação e divulgação.
Um breve programa que junta música instrumental, electroacústica, improvisação e electrónica em tempo real, num jogo contrastante de linguagens e estéticas variadas, é a proposta de um grupo de jovens músicos oriundos de Portugal, Alemanha, Espanha e Áustria, a que se associa uma modesta homenagem a um dos maiores vultos da música ocidental:
Karlheinz Stockhausen (22.08.1928 – 05.12.2007).
Sexta-feira, 14 de Dezembro
22:00 - Concerto 1: Endphase (entrada 5 €, preço único)
Sábado, 15 de Dezembro
14:00 - workshop pelo Endphase* [Casa da Música]
17:00 - mesa-redonda com compositores (entrada gratuita)
[L. A. Pena, R. Ribeiro, J. M. Pais, T. Cutileiro; moder. D. Ferreira]
19:00 – Concerto 2: electroacústica (entrada gratuita)
[peças de R. Torres, G. Gato, J. Kreidler, J. Reis, A. Bernal, J. Chowning]
22:00 – Concerto 3: solistas (entrada 5 €, preço único)
[obras de J. M. Pais / j. chippewa, L. A. Pena, T. Cutileiro, K. Stockhausen, R. Ribeiro;
intérpretes: V. Pereira, flauta; B. Graça e H. Gonçalves, clarinete; W. Zamastil, violoncelo]
Saudades de Ari Brown como líder, e daquele som especial da escola free AACM que o tornou um caso à parte nos saxofonistas de Chicago, pela ferscura que trouxe a uma tradição com mais de 40 anos? É natural, pois há já anos que Brown não marcava posição de comando. Onze anos depois de Ultimate Frontier, e 9 depois de Venus, ambos na Delmark, pondo termo a um exílio forçado ou voluntário, eis que volta à dianteira com Live at Green Mill (Delmak 577), gravado no clube homónimo de Chicago, onde Ari Brown (saxofones tenor, soprano e flauta) actuou durante duas noites de Junho passado, à frente de um grupo composto pelo trompetista Pharez Whitted, Kirk Brown no piano, Yosef Ben Israel, contrabaixo, Avreeayl Ra, bateria, e o enigmático Dr. Cuz, em percussão. Delmark, claro.
A não perder, os quartetos de cordas de Dmitri Shostakovich (1906-1975), pelo Rubio Quartet. A caixa da holandesa Brilliant Classics, Complete String Quartets, que inclui a totalidade dos 15 quartetos escritos pelo compositor russo entre 1935 e 1974, foi reposta à venda, e é uma pechincha. Custou-me € 17 e picos, mas ainda se pode encontrar mais barata na net. A leitura do belga Rubio String Quartet (Dirk Van de Velde, Dirk Van den Hauwe, Marc Sonnaert e Peter Devos), de 2003, gravada ao vivo numa igreja, em Mullem, Bélgica, entre Abril e Setembro de 2002, vem somar-se às versões anteriores, mais ou menos conhecidas, de outros quartetos que se abalançaram à integral, como o Borodin Quartet, o St. Petersburg String Quartet, Quatuor Danel, Fitzwilliam String Quartet, Shostakovich Quartet, Rasumovsky Quartet, Sorrel Quartet, Manhattan Quartet ou o Emerson String Quartet.
The Rubio String Quartet is one of the preeminent string quartets in Europe. Formed in 1991, the quartet wascoached in the great classical and romantic repertoire by the Melos Quartet from Stuttgart. Today they play the full range of the string quartet repertoire from Haydn to Alfred Schnittke and Stephen Paulus. Natives of Belgium, they have hadseveral Flemish composers dedicate works to them. The quartet is regularly invited to play at major music festivals, such as the Edinburgh Festival and the Festival of Flanders. In 1996 they gave concerts in the United States and China as “cultural ambassadors” of the Flemish Community. In November 1997 they made their New York debut at CarnegieHall. The Rubio’s discography includes nine CDs, including the string quartets of Shostakovich for the Globe label, and a recording of piano quintets by Schumann and Brahms with the Dutch pianist Paul Komen. A live recording of the complete Shostakovich quartets was released on Brilliant Records in January 2003.
Michael Vorfeld e Wolfgang Schliemann, Alle Neune: Rheinländer Partie. À partida, a proposta constitui um desafio arriscado: conceber e executar uma obra de música improvisada, criada instantaneamente, por dois músicos, com recurso exclusivo a instrumentos e objectos de percussão. Michael Vorfeld e Wolfgang Schliemann, são dois destacados improvisadores germânicos com trabalho de décadas como percussionistas e artistas sonoros. Para ambos, os aspectos visuais e a formulação tridimensional da concepção acústica assumem papel de primazia na organização do som, de características puramente acústicas, muito para lá de noções tradicionais como a marcação do tempo. O duo aplica-se na definição de uma linguagem própria, processo de depuração que passa por um especial cuidado em colocar o material sonoro em pontos-chave de silêncio, com atenção ao mínimo detalhe. O desafio no imediato é perceber onde iniciar e terminar os eventos sonoros, como ligar pontas e segmentos, que duração permitir, que escolhas realizar a partir de um leque de opções bastante alargado – tudo questões a que o duo responde segundo a segundo, com eficiência, proporção e equilíbrio. A estrutura global da obra é, assim, pensada em função do átomo de som, base a partir da qual se ergue e é posta em equilíbrio cinético. Os ambientes por que optam favorecem o uso exclusivo de elementos percussivos, que, sendo absolutamente estáticos, provocam no ouvinte uma sensação ilusória de movimento e progressão constantes. Imprevisível na forma como nascem e nas direcções que tomam, os sons têm origem no uso de técnicas instrumentais extensivas sobre artefactos feitos de pele, madeira, metal ou cordas, que são batidos, afagados, esfregados e arranhados, formam um amplo conjunto de texturas organizadas com sentido orquestral, variada nas cores e nas formas electrizantes, de fonte tantas vezes insuspeita – por vezes parecem produzidos electronicamente – resultando nas atmosferas únicas emergentes dos nove temas de Alle Neune: Rheinländer Partie. Um grande disco de música improvisada experimental. Edição da portuguesa Creative Sources Recordings.