Abstracção e experimentalismo são os parâmetros de enquadramento da música do basco Joseba Irazoki, em OLATUETAN (Creative Sources Recordings), disco de 2006. A guitarra ainda tem espaço para ser questionada e Irakozi (guitarra eléctrica e acústica, lap steel e banjo) segue os princípios dos vultos a quem rende homenagem e dedica o disco, o norte-americano Robbie Basho e o britânico Derek Bailey, músicos que procuraram não tanto seguir as pegadas dos mestres do passado, mas, formulando o mesmo tipo de questões, tentar obter respostas diferentes. Seguindo por essa via, Olatuetan é um disco conseguido, resultante do balanço entre improvisação idiomática e não-idiomática (com Bailey, esta última era ela própria um idioma autónomo), equilíbria forma e abstracção, raga e pontilhismo, com uma pitada de folk à maneira de Eugene Chadbourne, a denotar atenção sobre o que se faz actualmente com as seis cordas na Europa, na América e no Japão. A partir deste caldo de cultura e dos traços e influências que processou, Irazoki sabe organizar e trabalhar sobre o acervo de micro-sons electroacústicos e texturas de ruído modulado, capaz de surpreender o ouvinte. Mostra desenvoltura e capacidade de problematizar sem se deixar cair na tentação do tecnicismo exibicionista ou da exposição de um mostruário de improvisação experimental. O que Joseba Irazoki faz aqui – fora de outro tipo de trabalho ligado a formas pop ou jazz, que também cultiva – é deambular livremente por linhas irregulares e assimétricas, questionar as convenções e desenvolver renovadas possibilidades de combinação sonora a partir do imenso livro da guitarra eléctrica e cordofones conexos. Feitas as contas, do País Basco, bom vento e bom encordoamento.