Forever Real, do Fonda/Stevens Group. A propósito de outro disco, 12 Improvisations (Leo Records), escreveu Rui Eduardo Paes: «Esta música pode ser popular e urbana, mas estudou os “eruditos” e os “primitivos”, confrontando-os com o seu próprio vocabulário».
O Fonda/Stevens Group é muito mais que um simples combo a actuar nessa vasta área que é o post-bop dos dias de hoje. Tal como o Mosaic Sextet, em que também participam Dave Douglas, Mark Feldman e Michael Rabinowitz, este outro grupo de Joe Fonda e Michael Jefry Stevens vai à composição contemporânea buscar muito do seu fulgor criativo, que reinventa em novos movimentos e combinações, corredores largos por onde circula uma refrescante atmosfera jazzística. Algo que também se pode encontrar na música de John Law ou de John Wolf Brennan, para citar dois grandes pianistas e compositores em actividade. Noutra parte – e este é um dos grande trunfos de Forever Real – é perfeito o entendimento do pianista Michael Jefry Stevens com Herb Robertson, que faz quase tudo o que é possível com o trompete e encontra sempre a solução certa para os intrincados problemas que Stevens lhe põe a cada passo. Joe Fonda, que assina metade das composições, e Harvey Sorgen, apoiam com a costumada segurança e savoir faire, lançando o grupo em sofisticadas deambulações pelos caminhos novos do jazz moderno. Outra particularidade de Forever Real é a inclusão do hip-hopper Napoleon Maddox, em “human beat-box e poetry”. Pontual, sóbrio e discreto, Maddox não adianta grande coisa, mas dá um toque especioso à mistura, um certo tempero urbano que não desmerece o interesse e a curiosidade do ouvinte. De impressionante bom gosto, esta é uma das melhores colheitas Fonda/Stevens dos últimos anos. Aprecia-se melhor em audições frequentes e repetidas. 482 Music.