Para ouvir um bom e recente disco de solos de saxofone alto não é preciso ir mais longe. Earl Howard lançou há dias na Mutable Music um conjunto de cinco peças, com a duração total de uma hora, que, digo, é do melhor que já ouvi. Lembra o Braxton de For Alto, menos agitado e, sem se parecer com ele, com o mesmo tipo de investigação por territórios comuns a ambos, sem tirar a Braxton a palma do pioneirismo. O disco foi gravado no atelier de pintura de Robert Berlind, em Cochecton, Nova Iorque. Provavelmente inspirado nos quadros de Berlind, Howard parece deambular pelo estúdio afastando-se e aproximando-se do microfone, fixo algures num ponto qualquer, criando efeitos dinâmicos improváveis numa sessão de estúdio tout court. Vale a pena ouvir a técnica fora do comum deste saxofonista (e electronicista), que, remetendo para um certo primitivismo sonoro, consegue fazer muito pão com pouca farinha. Extraordinário! Earl Howard - 5 Saxophone Solos (Mutable Music, 2005)