Repescado da prateleira, estou a ouvir Sonny Stitt este serão. Fazia tempo que não acompanhávamos. The Sonny Stitt Quartet, Personal Appearance (Verve, 1957, reed. 2004), disco na quase totalidade dedicado à recriação de standards. Em 1957, Edward “Sonny” Stitt soprava que se fartava, ia-se aos clássicos e instilava-lhes vida nova e brilho especial. O “imitador” de Charlie Parker, como foi apelidado... . Influenciado por Parker e inspirado nos seus ensinamentos, penso que ninguém põem em dúvida. Daí a clone de Charlie Parker... . Em caso de dúvida, o melhor é ouvir este disco, para crer. É que Stitt, em 1957, dois anos depois de Parker desaparecer, tinha personalidade, ideias e capacidade argumentativa próprias, as quais, se muito deviam à benigna influência do mentor, representavam já um caminho que se expandia noutros sentidos, e veio a dar origem a mais de uma centena de gravações. No caso de Personal Appearance, o acompanhamento é de Bobby Timmons, pianista muito jovem nesta altura, Edgar Willis, contrabaixo, e Kenny Dennis, bateria, quase desconhecidos, então como agora. Não há nem Gene Ammons, nem “Lockjaw” Davis para elevar a temperatura, mas não se dá pela falta de outro soprador, de tal maneira Stitt faz as despesas do saxofone, virtuoso sem ser exibicionista. E com um som desmedido, ainda por cima. Na ementa, um original de Stitt e oito clássicos revigorados, que parecem novinhos em folha com o tratamento que o quarteto lhe dá. Easy To Love, Easy Living, Autumn In New York, You'd Be So Nice To Come Home To, For Some Friends, I Never Knew, Between The Devil And The Deep Blue Sea, East Of The Sun (And West Of The Moon), Original?, Avalon e Blues Greasy, a fechar a sequência. Tenho a impressão de que, desta fase, Personal Appearance é do melhore que ouvi a Sonny Stitt, apesar do momento ainda relativamente precoce. Vintage Stitt.