Um triângulo. 3 músicos, 3 improvisadores. Jaap Blonk (voice), Mats Gustafsson (soprano, tenor and baritone saxophones, flute, fluteophone, french flageolet) e Michael Zerang (percussion). Complete, unedited session recorded March, 4 1996 by M.G. at ‘andra böcker och skivor’, Stockholm. Estas são as coordenadas para os 55 minutos e algo mais de improvisação total. Longe de ser obrigatório (não será o disco que arrebatará paixões ou que euforicamente servirá de pano de fundo a uma festa), é bem meritório pelo arrojo e pela espontaneidade que os músicos denotam e partilham num extrovertismo emocional-musical. Há um plano lexical e imagético, palpável nas projecções sonoras arrebatadas no momento em que são proferidas as interjeições sonoras a três. Blonk é ele próprio o instrumento, o veículo expressionista é a sua voz, a garganta ou as cordas vocais. Os timbres, a modulação e a dinâmica são as ferramentas para os sussurros, sílabas, máscaras, esgares, interrogações, gritos, estertores primitivos despidos de sofisticação, que interagem com a palete de texturas fabricadas em múltiplos tiques esquizóides nos sopros-simulacro de Gustafsson. Zerang completa o triângulo. Encerra mil e um traços de percussão, ora voluptuosos, ora miméticos, ora ásperos, ora cirúrgicos. 11 aventuras de imprevisibilidade porque improvisadas, arriscadas porque sem tapete, cúmplices porque com sentido.
«Improvisors» - Blonk, Gustafsson & Zerang - Kontrans 143, 1996.