O disco começa com a chamada da tuba aos outros instrumentos, que com ela começam uma espécie de dança. Tuba ao centro, sax tenor à esquerda e trompete do lado direito. Posto em movimento, o trio mistura-se homogeneamente e improvisa sem papel à vista. Duos, trios, monólogos sucedem-se naturalmente, como numa conversa tranquila entre três amigos de longa data. William Roper ocasionalmente pousa a tuba e diz poemas seus, por cima das frases de saxofrone tenor e trompete. Purple Gums, A Boy Like You, You A Square, três belos textos; os dois primeiros contam histórias de amor perdido e último discorre sobre um caso de discriminação racial, que faz lembrar a música de Stravinski, da História do Soldado. Bobby Bradford escreveu e disse Li´l Sister, um poema humorístico à volta das contingências da vida de um músico, dito de modo a fazer flutuar as palavras por sobre as notas do sax tenor de Francis Wong. A música de Purple Gums prende a atenção durante os mais de 70 minutos de execução. Imagino o auditório da S. Francisco State University completamente rendido a esta música com fortes ressonâncias AACM, tocada por três veteranos que arriscaram fazê-lo livremente e sem a segurança da música pré-escrita, enveredando pela abordagem da música tradicional das street bands, filtrada por uma sensibilidade moderna. Oh brother, she´s got those Purple Gums... .
Bobby Bradford/Francis Wong/William Roper - Purple Gums (Asian Improv)