Agrada-me muito o conceito-base deste projecto antigo de Marco Eneidi, saxofonista alto da Bay Area de S. Francisco: tratar a big band como um instrumento autónomo relativamente aos instrumentos que a compõem. A orquestra toca como um instrumento mais, com Eneidi a definir coordenadas, orientações e directrizes, para que a entidade colectiva progrida musicalmente, acomodando espaço para os solos dos seus membros. Esta versão da American Jungle Orchestra, captada ao vivo em 1996, tinha entre si Glenn Spearman (1947-1998), o lendário sax tenor que ajudou ao ressurgimento do free jazz nos anos 90. Grande influência tiveram na música de Marco Eneidi os anos em que se formou com Cecil Taylor and Bill Dixon, em Nova Iorque, e especificamente no instrumento, o estilo de Sonny Simmons e de Jimmy Lyons, em cujas estéticas se filia.
Música complexa e difícil de abordar (cada um dos dois discos tem mais de 70 minutos), que exige carradas de atenção da parte do ouvinte. Precisa de tempo para se tornar reconhecível e amigável. Com Glenn Spearman, Jackson Krall, Wadada Leo Smith, Bertram Turetzky, Jon Raskin, Oluyemi Thomas, Bruce Ackley, Phillip Greenleif, Alex Weiss, Matthew Goodheart, e outros.
Marco Eneidi & The American Jungle Orchestra (2 CD Botticelli Records, distr. Eremite Records)