Vyacheslav Ganelin, piano e sintetizador, guitarra eléctrica, etc; Vladimir Chekasin, sopros, etc; e Vladimir Tarasov, sopros e percussão - o sensacional Ganelin Trio!
Antes da queda do Muro de Berlim, por trás da Cortina de Ferro, desde 1971 que o Ganelin Trio tocava um jazz vanguardista de cujo avanço estético ninguém suspeitava do lado de cá do Muro, pois as incursões do trio circunscreviam-se à Lituânia e outras Repúblicas, Alemanha Democrática e países satélites da URSS. Deste lado, sabia-se por imigrantes e outros visitantes que havia uma cena muito activa nas antigas Repúblicas Soviéticas, mas o Ganelin Trio só veio a ser conhecido nos anos 80, ainda que de forma incipiente, até passar a ser objecto de edição discográfica regular pela mão de Leo Feigin, ele próprio nascido em Leninegrado e o fundador da Leo Records, editora criada com o propósito principal de publicar o free jazz feito na Ex-URSS. Foi Feigin, uma vez em Londres, que lhes editou em Inglaterra as primeiras obras, as quais causaram espanto nos círculos do jazz mais avançado, pelas fortes influências de Sunny Murray, Albert Ayler, Cecil Taylor e Art Ensemble of Chicago. De entre a discografia do trio, de que não páram de sair novos títulos na secção «Golden Years of the Soviet New Jazz», da Leo Records, tenho especial preferência por Catalogue: Live in East Germany, um disco dos melhores que muita gente já ouviu, o famoso CD LR 102, feito a partir de cassetes gravadas ao vivo, contrabandeadas para o Ocidente, há quem diga que por turistas, há quem diga que por pessoas bem posicionadas junto do poder e do KGB, o que confere à história uma dimensão épica e uma aura romântica. Mas disso tudo quem fala é o próprio Leo Feigin, em conversa com Jez Nelson, do programa Jazz on 3, emitido pela BBC Radio 3. A emissão desta semana inclui um concerto do Ganelin Trio gravado no London Jazz Festival, durante a digressão europeia do grupo, ocorrida depois da recente reunião, após separação em 1987.
A partir de hoje e até sexta-feira, em webcast.