A manhã corre ligeira na companhia de White Widow, de Michael Moore, o americano que vive há mais de 20 anos em Amsterdão, que toca, entre outros, com a Instant Composers Pool (ICP), Clusone Trio, Available Jelly, o trio Jewels & Binoculars e este White Widow, que é título homónimo de um disco balanceado entre as abordagens europeia e americana da improvisação tributária do jazz. White Widow é um bom exemplo de mistura rica dos melhores lotes da especialidade: uma parte do lote tradicional, ao estilo de Ben Webster, com as subtilezas do bop moderno (a leitura de I loves You Porgy, de George Gershwin é um momento paradigmático desta dupla acepção), a que não faltam laivos de ampla liberdade formal. Michael Moore lidera um grupo coeso em que o verdadeiro protagonista é o quarteto. Além de Moore (saxofone alto e clarinetes), tocam Alex Maguire, piano, Mark Hellias, contrabaixo, e Han Bennink, bateria, num disco lírico, bem humorado e extrovertido, que é um doce, sem ser enjoativo. Sopra uma brisa fresca dos lados da Holanda.
Gravado em Londres e publicado em Amsterdão em 2001, sob a marca da Ramboy.