Gravado ao vivo no Kerava Jazz Festival, Finlândia, em 5 de Junho passado, integrado numa digressão europeia do Trio, que também incluiu Itália e Áustria. Henry Grimes, renascido das cinzas de um tempo revolucionário, protagonizou um dos mais bonitos contos de fadas do jazz, em que a fantasia e a realidade se confundem deliciosamente. Tem neste o seu primeiro registo discográfico, como lider após o regresso à actividade, depois de um interlúdio de 30 anos. David Murray, um dos maiores entre os maiores do sax tenor, reconciliado com o jazz stricto sensu. Hamid Drake, uma escolha consensual, está em perfeita comunhão com os outros mestres. Tinha saudades de ouvir David Murray neste tipo de contextos mais free, rejuvenescido e a fundir metal como há 20 anos atrás. A reprise de Flowers for Albert é o momento místico por que sinceramente não esperava. Mas aconteceu. Eu ouvi. Excelente edição da Ayler Records, que celebra o regresso dos heróis, ocorrido no dia 1 de Janeiro de 2005 . Jan Ström, pai da jovem Ayler, leva o assunto muito a sério. É assim que tem presenteado os aficionados da audaz liberdade criativa com um dos catálogos mais ousados de entre todos os que vão despontando na cena independente. Para nosso bem. Schnaps, Mr. Ström.