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3.2.05
 

Seis nomes e respectivas ferramentas de trabalho aparecem listados do lado direito da contra-capa do disco. John Hagen, saxofones alto, tenor e soprano; Denman Maroney, piano; Mark Dresser e Shanir Blumenkranz, contrabaixo; Gerry Hemingway e Todd Capp, bateria. Porém, em Segments, os seis músicos não tocam sempre juntos. Hagen, o líder, de quem não conhecia qualquer gravação anterior enquanto tal, alinhou três grupos distintos para este efeito: um trio, com Shanir Blumenkranz e Todd Capp; um quarteto, com o pianista Denman Maroney, Mark Dresser e Gerry Hemingway; e um duo, com Denman Maroney.
Esta é a primeira obra de John Hagen como principal titular, cuja gravação, para espanto de quem não sabe como as coisas se passam no difícil mundo do jazz menos comercial, ocorre três décadas depois de iniciada a carreira. Longe de ser caso único, é no entanto impressionante que um músico com este talento, apenas em 2004, aos 54 anos, tenha tido oportunidade de ter um disco em seu nome, ainda que gravado em 2001 (temas em duo e trio) e em 2002 (quarteto).
Antes de Segmentes, John Hagen havia participado em trabalhos de outros artistas, como William Parker (assinale-se a sua passagem pelo simétrico Through Acceptance of the Mystery Peace, no sentido de ter sido o primeiro disco de Parker como líder, gravado entre 1974 e 1977, mas apenas publicado em 1979, na Centering Music do próprio W. Parker. Posteriormente, foi reeditado pela Eremite), mas também com os Blind Boys of Alabama (recentemente, participaram em There Will Be a Light, de Ben Harper), Microscopic Septet, Donald Fagen (ex-Steely Dan), e em festivais importantes, como o Vision Festival, de Nova Iorque.
O conceito-base deste disco - ou da sua maior parte, visto que abarca 12 de um conjunto de 15 temas - é o de unir pontos através de linhas melódicas simples e directas, que o compositor designa por segmentos. Os temas têm uma duração relativamente curta. Despojados na estrutura, são generosos no espaço concedido aos intérpretes para a improvisação. Em função daquele critério, as três formação seguem por caminhos diferenciados, privilegiando ora a livre-improvisação (trio), ora um desenho mais esquematizado (quarteto). Colloquial, o sexto tema do disco, um dueto de sax tenor e piano, é paradigmático do estilo de Hagen ao nível da execução instrumental e da escrita composicional, estilo que favorece, em ambos os casos, o uso de frases curtas entrecortadas de pequenas pausas, sem nunca levantar fervura.
Apostando na dialéctica entre a energia do trio, parametrizada por uma certa suavidade no fluir e pela investigação sobre dinâmicas, e a oportunidade que o quarteto representa na exploração de diferentes texturas, nas quais o pianista Denman Maroney tem um papel decisivo, Segments é um disco sóbrio e bem equilibrado.
John Hagen - Segments (Cadence Jazz Records, 2004)



 


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