Há 40 anos, John Coltrane recebeu três prémios nas categorias de "Artista do Ano", "Melhor Saxofonista" e o "Jazz Hall of Fame", promovidos pela revista Down Beat. Nesse ano de 1965, Coltrane gravou o seu opus magnum, Ascension, uma das obras seminais do jazz contemporâneo, que provocou enorme impacto no público do jazz (e de outros géneros e subgéneros, como o rock psicadélico da segunda metade da década de 60), e profundas divisões na crítica, com clara separação em conservadores e progressistas. Com Ascension, cujo precedente estético fora Free Jazz de Ornette Coleman, Coltrane criou um novo paradigma na arte da improvisação colectiva e individual, pela monumentalidade da estrutura, densidade harmónica e interacção entre solistas, orquestra e secção rítmica, a um nível organizacional nunca antes experimentado. Em 1995, o Rova Saxophone Quartet - Jon Raskin, Larry Ochs, Steve Adams e Bruce Ackley – celebrando o 30º aniversário de Ascension, atreveu-se a explorar a monumental composição de John Coltrane, com uma apresentação ao vivo no San Francisco Great American Music Hall, concerto que deu origem uma edição discográfica na italiana Black Saint. Este ano, quando passam 40 anos sobre a gravação de Ascension, o Rova Saxophone Quartet, depois de muito rodar o seu projecto mais ambicioso e de maior envergadura até à data, a OrkestRova, fundada em 1997, volta à cena com uma versão revista da big band eléctrica. Além dos saxofonistas do quarteto base (Bruce Ackley, Steve Adams, Larry Ochs e Jon Raskin) a OrkestRova inclui as cordas, a electrónica e a percussão de Fred Frith, Ikue Mori, Nels Cline, Otomo Yoshihide, Chris Brown, Donald Robinson ("rhythm & noise"), Carla Kihlstedt e Jenny Scheinman ("strings"), a mesma formação com que se irá apresentar a 27 de Março deste ano, no 6.º SFJAZZ, a ter lugar em S. Francisco, entre 12 de Março e 26 de Junho p.f.. Produzido por Larry Ochs e Jon Raskin, a mais recente obra da OrkestRova, Electric Ascension, foi gravada ao vivo em Fevereiro de 2003, no Yerba Buena Center for the Arts, em S. Francisco, e está pronta para ser editada pela Atavistic, o que ocorrerá no próximo mês. Segundo os produtores, especiais agradecimentos são devidos a Roberto Barahona, “without whom this CD might never have happened”.
"There is never any end. There are always new sounds to imagine: new feelings to get at. And always, there is a need to keep purifying these feelings and sounds so that we can really see what we've discovered in its pure state. So that we can see more clearly what we are. In that way, we can give to those who listen, the essence -- the best of what we are. But to do that at each stage, we have to keep on cleaning the mirror".
- John Coltrane, 1965.
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