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8.10.04
  Uri Caine Trio, «Live At The Village Vanguard»

Uri Caine. O trio de piano.
Um disco gravado ao vivo no mítico clube nova-iorquino, Village Vanguard, em Maio de 2003.
Não há como passar ao lado do acontecimento editorial que tem origem nesta feliz associação de ideias. Desde logo, porque Uri Caine, apesar das muitas oportunidades que tem tido de espraiar o seu imenso talento de pianista pelos mais diversos formatos e repertórios, no jazz e fora dele (proliferam em disco interpretações suas de obras de Bach, Schumann, Beethoven, Wagner e Mahler), em disco raramente se dedicou à abordagem do trio de piano. Desde 1997, altura em que gravou Blue Wail, com James Genus e Ralph Peterson, que não lhe conhecia qualquer aventura nos domínios ora revisitados na companhia de Drew Gress e Ben Perowsky.
Faixa a faixa, Live At The Village Vanguard, edição da Winter & Winter, revela-se um registo de crescente de interesse musical, não obstante a sua longa duração (76 minutos), mercê do interessante alinhamento que abarca velhos standards ("Cheek to Cheek", de Erving Berlin; a curiosa escolha de três páginas do song book de Jimmy van Heusen), um clássico moderno ("Nefertiti", de Wayne Shorter), um tema inspirado em Verdi ("Otello") num total de seis originais do compositor.
Outro aspecto que contribui para a frescura da sessão é a alternância entre tempos lentos, médios e rápidos, tal como as subtis variações de tonalidade, que vão do sombrio, quase soturno, ao luminoso.
Ao nível estilístico, no piano de Uri Caine são notórias as influências dos mestres das gerações precedentes, designadamente de Bill Evans, McCoy Tyner e de Herbie Hancock, passando por Keith Jarrett. Não se pense, porém, que o pianista de Filadélfia passou as três noites de Nova Iorque a mimetizar o estilo alheio. De um modo eficaz, o que o pianista faz, e muito bem, é integrar as diferentes marcas dos mestres no seu próprio discurso, reformulando o todo numa corrente discursiva de assinalável fluência, elegância, liberdade formal e sugestiva variação rítmica, qualidades realçadas pelos notáveis contributos do contrabaixista Drew Gress e do baterista Ben Perowski. Mais do que simples acompanhantes, Gress e Perowski entretêm-se a sublinhar o ritmo que nasce no teclado, a dar cor e agilidade, aprimorando todos os pormenores formais que brotam das pistas lançadas pelo pianista. Juntos criam uma música que simultaneamente sintetiza várias décadas da arte do piano trio, e presta contas públicas de 10 anos de actividade de Caine enquanto improvisador.
Mais dentro do que fora do jazz, como ficou demonstrado nas noites de 23 a 25 de Maio de 2003, no Village Vanguard. Evidência de que Uri Caine está de volta ao formato clássico, no mais clássico dos palcos e em grande forma criativa.
 


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