O californiano Ben Stapp deambulou um pouco pela Europa até que aportou a Lisboa, onde permaneceu durante alguns anos. Aqui estudou, ensinou e tocou com músicos locais. Actualmente a residir em Nova Iorque, Stapp acaba de editar o seu primeiro disco como líder. Ecstasis, publicado na Uqbar Music, expõe composições originais do tubista, que, como o próprio conta nas notas, “passaram por inúmeras fases durante a estadia em Portugal”. São nove as composições de Ecstasis, estruturas abertas, de extrema flexibilidade, por onde passam correntes de ar capazes de veicular tanto a expressividade robusta de Tony Malaby, em saxofones tenor e soprano, como o som encorpado e elegante das linhas melódicas, rítmicas e harmónicas da tuba, que aqui desempenha com eficácia o papel de densificador do fluxo criativo; e a percussão sinuosa do japonês Satoshi Takeishi, que aprofunda os procedimentos e alarga o campo de audição. É difícil escolher uma ou duas faixas de Ecstasis, sinal de que o disco vale sobretudo pelo conjunto multifacetado, revelador da escrita sólida de Stapp compositor e da capacidade de improvisação colectiva de um trio nascido ao cabo de um par de ensaios. E assim se fica de ouvidos presos à música de Ben Stapp, uma voz que reconheço como uma das mais promissoras da moderna música improvisada que tem no jazz a sua referência primordial, e à qual o músico associa um distintivo e refrescante tempero afro-mediterrânico. Ecstasis. Pessoalmente, agrada-me bastante o resultado. Dá-lhe, Benjamin!