Travões ao mundo, que a música de Matt Weston não vai bem com audições apressadas. Weston, oriundo de Northampton, Massachusetts, EUA, é um daqueles talentos reservados, de que, de tempos a tempos emerge apenas durante algum tempo, para voltar para a penumbra das suas investigações. Mas quando aparece, tem sempre alguma coisa de novo e intrigante a dizer, e com isso consegue fascinar ouvidos exigentes. Poder-se-ia esperar de Not To Be Taken Away (7272music) uma sessão corrente de solos de bateria e de percussão, com o desfiar do habitual rosário de recursos técnicos e estilísticos. Muito diferente deste conceito e noutro sentido, o que Matt Weston apresenta é um manancial inesgotável de possibilidades acústicas, cada uma delas potencialmente geradora de outro projecto, tantas são as pontas deixadas livres e soltas para futura exploração. Há aqui um propositado back to basics sonoro, algo de indefinível, de não imediatamente atribuível a uma dada fonte, que traduz uma ideia de simplicidade desarmante, o retorno à pureza inicial do som de origem percussiva, entendido enquanto matéria-prima plástica, que é transformado via distorção com ferramentas electroacústicas e organizado segundo modos incomparáveis, porque não reconhecíveis no catálogo disponível. O que de mais próximo se pode encontrar serão talvez os trabalhos do alemão Günter Müller ou do norte-americano Andrew Drury. A música de Matt Weston procura identidade nos seus próprios limites e na força interior que dela emana. Nesta medida, pode dizer-se que Weston criou uma obra de arte sonora moderna de profundo significado estético e artístico. Um patamar inovador na procura de sentido para o conceito extensivo de solo de percussão? É bem capaz de ser.