A coligação que Ken Vandermark criou em 2000 sob a designação de Territory Band, cujos fascículos se têm vindo as suceder ao ritmo regular de um por ano, já vai na sexta proposta de uma série iniciada com Transatlantic Bridge. Toda a sequência da TB – o projecto mais cativante do saxofonista, até à data – tem tido como escopo fundamental investigar as relações entre a composição e a improvisação electroacústica, ou, se se preferir, entre o material pré-escrito e aquele que é composto instantaneamente, utilizando, para o efeito uma instrumentação que inclui elementos acústicos, eléctricos e electrónicos. Banco de ensaio e experimentação de Ken Vandermark, a Territory Band tem servido para expor um vasto conjunto de ideias e conceitos a propósito das relações entre aquelas duas matrizes, tendo como pano de fundo estético as memórias do jazz norte-americano e da livre-improvisação europeia. Para o mais recente episódio (Territory Band - 6 - with Fred Anderson) Vandermark escreveu uma peça longa, Collide (Okka Disk, 2008),dividida em cinco secções, tendo em mente o convite que viria a dirigir a Fred Anderson para participar no projecto. O registo veio a ocorrer no Millenium Park de Chicago, a 24 de Agosto de 2006, no âmbito do programa Made in Chicago: World Class Jazz. Na sequência do movimento anterior, o tríptico New Horse for the White House, de 2005, a escrita simples de Collide serve de base à improvisação por um alargado grupo de músicos, que inclui Ken Vandermark (saxofone tenor e clarinete), Fred Anderson (saxofone tenor), Dave Rempis (saxofones alto e tenor), Fredrik Ljungkvist (saxofones barítono e tenor), Axel Dörner (trompete), Per-Ake Holmlander (tuba), Lasse Marhaug (electrónica), David Stackenäs (guitarra), Jim Baker (piano), Fred Lonberg-Holm (violoncelo), Kent Kessler (contrabaixo), Paul Lytton e Paal Nilssen-Love (bateria e percussão). Collide abre o primeiro andamento num estilo que evoca à distância um enunciado do tipo das Complete Africa/Brass Sessions, de John Coltrane, no arranjo de Eric Dolphy. Daí para frente, são vários os momentos sugeridos, Jazz Messengers, Gil Evans, Art Ensemble of Chicago e Sun Ra, por exemplo, intercalados por outras sugestões do jazz de 60 em diante, do swing e de fora dele, com marcas da tradição europeia do mesmo período, servindo o lendário saxofonista tenor Fred Anderson de insuspeito traço de união. O ambiente geral é propício a fazer brotar o melhor que a capacidade criativa dos improvisadores tem para oferecer e ficou registado naquele que ficará como um dos melhores quadros da Territory Band. O que mesmo assim é difícil de afirmar, já que se trata de um território que inclui peças como Transatlantic Bridge, Atlas, Map Theory, Company Switch, e o já referido New Horse for the White House, discos tão ricos e variados que não deixam grande margem para comparações entre si.