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6.3.08
 

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Ouvido a correr e numa única passagem, a ideia com que se fica de Babylon, disco do quinteto Harmonize Most High, é a de que estamos perante outro disco (mais um) cujo mérito principal será talvez o de engrossar o caldo do neo-psicadelismo corrente e seus derivados. Mas se o meu sangue não me engana como engana a fantasia (já cantava Amália), à segunda oportunidade, eis que a música do Harmonize Most High começa a ganhar definição, densidade e vida própria. Que coisa é esta de Harmonize Most High? É um colectivo de músicos de New Jersey e Nova Iorque, liderado pelo multi-instrumentista Daniel Carter, membro dos colectivos TEST e Other Dimensions in Music (saxofones alto e tenor, trompete e flauta), com Robert Ryan (guitarras eléctrica e acústica, cítara, saz, bouzouki, harmonium, órgão, tamboura e voz, também autor da capa e grafismo do disco), Michael Lucio Sternbach (saxofone alto, guitarra e bouzouk), Jon Francis (dulcimer, viola e banjo) e Tim Keiper (bateria percussão). E uma série de convidados especiais para abrilhantar o baile. O disco de estreia do Harmonize Most High é trabalho que se inscreve num tipo de composição e de performance que parte da improvisação próxima do free jazz e se orienta em diversas direcções, como a tradição folk americana (a onda revivalista recente induz em erro na audição superficial e apressada), a música oriental, perpassada por tonalidades psicadélicas, tudo misturado sem que se assinalem fronteiras entre os diversas linguagens musicais. Ao mesmo tempo que conjura fantasmas de um imaginário remoto, presente nos motivos e desenhos harmónicos tomados de empréstimo às ragas indianas, aplica alguns sinais vitais da contemporaneidade urbana e rural, fazendo-os caminhar juntos, lado a lado, numa mesma vibração comum. Durante uma hora e ao longo dos sete temas com títulos de ressonância bíblica (Livro da Revelação), nomeados segundo as sete montanhas da Babilónia – Acra, Goath, Gareb, Bezetha, Moriah, Ophel e Zion – os músicos apresentam um trabalho sólido e bem estruturado. Longe de procurarem legitimação em quaisquer correntes estéticas avulso, optam por sintetizar e assimilar com sucesso a mistura homogénea de elementos oriundos de diversos quadrantes musicais, que passam a integrar uma única corrente. Gravado ao vivo na Church of the Hidden Flame, em Asbury Park, New Jersey, EUA. Editado pela portuguesa Ruby Red Editora.

 


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