Roberto Fega, artista sonoro italiano (n. 1965), tem-se desdobrado em projectos, colaborações, workshops e concertos, desde os tempos do grupo avant-rock Dura Figura, iniciados há uma década. Além de tocar saxofones tenor e soprano, participa nos colectivos Titubanda e Arturo, bem como no trio Taxonomy, com Elio Martusciello e Graziano Lella, porventura a sua mais conhecida via de apresentação. Acrescem as colaborações com Tim Hodgkinson, com a Pangolino Orchestra, e com o pianista norte-americano Thollem McDonas, em projectos de veia experimental e de pesquisa sonora. Un Geco Nella Mia Casa (Creative Sources Recordings, # 107) é, também ele, um trabalho de base essencialmente electroacústica experimental, que, partindo duma pool de sons gerados em computador, utiliza tesoura, cola e pós-produção electrónicas para organizar pedaços de falas de filmes (Johnny Depp, John Turturro, "he stole my story", por exemplo) e outras vozes (Mike Cooper, Dalida e Subcomandante Estrella, do mexicano Exército Zapatista de Libertação Nacional), samplagem de field recordings e sons esparsos de instrumentos acústicos, como guitarra clássica, contrabaixo, charango e trombone, para o que contribuem Mario Camporeale, Paolo Angeli e Matteo Bennice. Fundamentalmente, é um disco a solo de improvisação electrónica abstracta, intervalada por secções acústicas e ruidismo glitch, idealizado e construído em computador. Agradável de ouvir, Un Geco Nella Mia Casa é um produto de bom gosto, que explora com sucesso o sincretismo entre diferentes códigos de som e imagem. Simpática, não viscosa nem repelente, esta osga. E é ouvi-la a trepar pelas paredes...