Por junto, dei apenas duas demãos completas no Live at the Jazz Standard, do Dave Douglas Quintet na sua mais recente formação, com o jovem mas já bem desemburrado, Donny McCaslin, e os batidões Uri Caine, James Genus e Clarence Penn. Pouco escavei ainda, mas pelo que ouvi o disco não é nada de se deitar fora. Breves notas de prova, quase a vol d'oiseau: Douglas está na sua melhor forma, rápido, sensível e inteligente as usual, a comprovar (não é bem o termo, mas não tenho outro agora) uma vez mais que se pode fazer bom, tesudo e eventureiro jazz mainstream sem concessões, nem ter que andar a copiar o que os antigos fizeram no seu tempo, e a esse tempo pertence, sem prejuízo do respeito pela tradição. As composições, que vão do figurino "clássico" de Mr. Douglas, ao calipso e à latinidade, são todas originais recentes do trompetista. O quinteto, rodadíssimo, toca que se desunha, como seria de esperar, tanto nos tempos rápidos como na baladaria, inexcedível na arte de dizer em conjunto, em contraponto e fora dele, e na queda natural para a improvisação – tudo muito bem feito, profissional, mas com entrega de corpo e alma. A gravação, datada de 2006, captou bem o ambiente do Jazz Standard, clube de Nova Iorque onde Dave Douglas gravou as longas maratonas realizadas durante a residência que ali manteve entre 5 e 10 de Dezembro daquele ano, que vieram a desembocar num conjunto de 12 capítulos autónomos, disponíveis em mp3 via Musicstem; Dave Douglas trocou a trompete pela corneta, outro timbre, outras cores, diferentes do habitual; e, o que me cai particularmente bem, pessoalmente, Uri Caine toca piano eléctrico Fender Rhodes em todos os temas, lembra Chick Corea de outros tempos e fica a matar nesta faceta de Dave Douglas. Edição conjunta da Koch e da Greenleaf Music em CD duplo, 2007. Mesmo para quem, como é o meu caso, tem as prateleiras ajoujadas com discos de Dave Douglas (fora Masada e outros projectos continuados ou eventuais), enfim, a loucura do costume, este Live merece atenção e escuta deliciada. Melhor cenário... uhm... talvez depois de jantar, estirado no sofá, a pensar na morte da bezerra, por exemplo. Outra volta ao disco 2 e mais não digo, que tenho uma coisa ao lume.