Da pfMENTUM, editora de Jeff Kaiser, sedeada em Ventura, Califórnia, chega o registo da colaboração de dois improvisadores da Costa Oeste dos EUA, Andrew Pask (saxofone soprano, clarinete baixo e processamento electrónico em tempo real) e Jonathan Besser (piano).
Nas palavras de Andrew Pask, Griffith Park, gravado em 2005, nasceu espontaneamente no momento em que ele e Jonathan Besser passeavam no Griffith Park, em Los Angeles. Foi nessa altura que o saxofonista recebeu uma chamada de Wayne Peet, músico e técnico de som, a dizer que tinha uma aberta no seu Newzone Studio, em Los Angeles, e se a queriam aproveitar. So off we went... .
Besser vive habitualmente na Nova Zelândia, onde prossegue uma carreira de pianista e compositor de música contemporânea. A feliz coincidência surgiu como uma oportunidade de rentabilizar musicalmente a visita a Los Angeles e o reencontro com Andrew Pask, reminiscente dos tempos em que ambos viviam e tocavam juntos em Wellington, Nova Zelândia, de onde Andrew Pask é natural. O multi-instrumentista vive na Cidade dos Anjos desde 1999 e faz parte da muito activa comunidade local de músicos improvisadores. Participa no Large Ensemble de Vinny Golia, e tem inúmeras colaborações com Steuart Liebig, os irmãos Cline (Nels e Alex), Jeff Gauthier e Jeff Kaiser.
Griffith Park é uma sessão tranquila, pontuada a espaços por intervenções de maior dramatismo, que não chegam a perturbar o tom dolente geral. O disco reúne uma dúzia de improvisações que dá gosto ouvir. Música carregada de pormenores, o passo sereno em que se desenvolve é a toada ideal para melhor apreender as subtilezas dos intrincados diálogos dos vários instrumentos de sopro com o piano acústico. A música desenrola-se naturalmente como uma conversa entre duas pessoas. A orientação é dada por simples sugestões no início de cada tema, frases melódicas em miniatura que depois são desenvolvidas mano-a-mano, sem direcção predefinida. Tudo é tocado em tempo real, com economia de meios, sem sobreposições nem pós-produção. Os efeitos de processamento sonoro via laptop (Andrew Pask é especialista em software) ajudam a colorir o ambiente, criando espaço adicional para a variada expressão sonora.