O Lisbon Underground Music Ensemble (LUME) actuou ontem, sábado12 de Maio, na Festa do Jazz do S. Luiz, em Lisboa. A música do LUME é interessante, as composições de Marco Barroso são bem confeccionadas, conseguem uma hábil mistura de estilos que se cruzam numa linguagem eclética, que fala jazz, erudita, pop, latina e outros dialectos de permeio. Os músicos, 15 ao todo, tocam muito bem, os naipes estão bem organizados, houve solos para muitos gostos, com destaque para Arens, Lála, Menezes, Reis e Moreira. Mas, há qualquer coisa que, colectivamente, falha ainda na transposição do papel para o palco. Demasiada rigidez, excesso de navegação à vista, alguma quebra de fluidez e falta de ligação nas passagens do groove para as partes próximas da escrita contemporânea erudita, por exemplo. Sente-se o colectivo ainda bastante preso à leitura, tudo muito penteado, abotoado e arrumadinho. Falta um pouco mais de “desorganização” e de fantasia, poesia e alma – aquilo que não se ensina nas escolas de música. Não chega o bom comportamento e a competência técnica para criar música arrebatadora, que deixe o ouvinte extasiado, em que se sinta vida pulsante. Boa música, ao do LUME, poderia ter soado muito melhor, porque o potencial está todo ali, ainda por explorar. Basta começar por arriscar um pouco mais e tudo mudará. Para melhor.
Marco Barroso – piano, direcção e composição; Manuel Luís Cochofel – flauta; Rui Travasso – clarinete; Jorge Reis, João Pedro Silva, José Menezes, Rita Nunes – saxofones; Jorge Almeida, João Moreira, Pedro Monteiro – trompetes; Eduardo Lála, Pedro Canhoto, Lars Arens – trombone; Miguel Amado – baixo eléctrico, contrabaixo; Pedro Silva – bateria, percussão.