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22.3.07
 
DAY & TAXI é um projecto musical originário da Suíça e liderado pelo saxofonista alto e soprano Christoph Gallio. O grupo tem vindo a apurar procedimentos desde o final da década de 80, com entradas e saídas de pessoal. Nasceu como quarteto em 1988, com Christoph Gallio e Urs Blöchlinger (saxofones), Lindsay L. Cooper (contrabaixo) e Dieter Ulrich (bateria), mas entretanto, de quadrado passou a triângulo, com voz única de saxofone alto e soprano num dos vértices, preenchidos os outros dois pelo contrabaixista Christian Weber e pelo baterista Michael Griener. Em 2001, Gallio reformulou o Day & Taxi, que se tem mantido estável desde então, com o contrabaixista Daniel Studer, e o baterista Marco Käppelli.
Gravado em 2004, e Zurique, Suiça, Out (Percaso Production 023) é um trabalho minucioso e delicado, variado no estilo e irrepreensivelmente bem tocado por músicos de sólida competência técnica, bons improvisadores. Gallio favorece a opção por temas geralmente curtos, miniaturas que nalguns casos têm a duração de breves segundos. Louva-se o espírito de síntese mas em certo sentido talvez fosse preferível não haver tantas interrupções, para que Out pudesse soar de modo mais fluido e contínuo, sem tantos cortes entre os 20 temas que os 50 minutos de exposição comportam. Aspecto menor, é certo, que em nada prejudica a qualidade das peças, e eventualmente reforça a sua marca expressionista, de tradição europeia, bem como as ocasionais incursões pelos lados do minimalismo, enquanto easpectos contrastantes com os elementos do jazz. Digamos que o que se perde em fluidez discursiva enquanto todo, ganha-se em intensidade emocional, condensada peça a peça nos tais curtos períodos de tempo. Por outro lado, o processo facilita o encontro de famílias musicais diferentes, do mesmo tipo das que vivem no universo de Steve Lacy, figura que Gallio assume como seu "mentor, professor e amigo". Sem dúvida que a música do trio acorda memórias de Lacy no ouvinte informado, despertando-o para um mundo sonoro que em muitos aspectos toma a música do improvisador norte-americano citação, pretexto ou ponto de partida. Influências que, ou se manifestam de modo explícito, ou se deixam apenas pressentir no som global do trio (a espaços, faz lembrar o excelente The Window, S. Lacy com Jean-Jacques Avenel e Oliver Johnson) e em particular no saxofone soprano de Christoph Gallio, tão rico em insólitas asperezas, como em movimentos suaves. O desenho melódico é fora do vulgar e as inesperadas variações rítmicas são uma constante. A participação da mezzosoprano Sara Maurer em dois temas (New Music e Curtains Dream), e a dimensão onírica que transporta consigo, enriquecem ainda mais uma sessão que em trio era já de altíssimo nível. Sem dúvida que o Day & Taxi merece maior reconhecimento por parte do público aficionado. A participação do trio no Vision Festival pode ser o princípio da correcção dessa “anomalia”, e Out, editado em 2006, aí está para ajudar à festa.

 


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