Já tinha lido encómios vários, mas ainda não me tinha posto no mais recente disco de Neil Young, Living With War (Reprise Records), o que só esta manhã aconteceu. Bela malha de rock'n'roll, sim senhor, grandes canções com a marca de Young, guitarras em superior distorção, coros nos refrões, secção ritmica potente, tudo como tinha que ser. O power geral é o do Crazy Horse (Rust Never Sleeps...), reconhece-se às primeiras espiras - como dantes se dizia -, embora sem Frank "Poncho" Sampedro, Billy Talbot e Ralph Molina. Living With War é um disco politicamente empenhado, cheio de ferroadas certeiras no couro do cowboy indecente Bush ("Let's impeach the president for lying") e na puta da guerra que o bronco engendrou, sem esquecer o abandono a que votou New Orleans antes, durante e depois do Katrina. "What if Al Qaeda blew up the levees?/Would New Orleans have been safer that way/Sheltered by our government's protection?". Um libelo contra a miséria moral, política e social em que a América mergulhou e de onde penosamente parece querer emergir. Neil Young é canadiano, e, dirão alguns, não se deveria meter nestes assuntos, "vá mas é prá terra dele". Claro.
Depois do aneurisma que o ia mandando para outro lado, é um prazer reencontrar Neil Young eléctrico (em sentido real e figurado), ainda por cima numa forma e com uma energia (gravou as nove canções em seis dias) de que jamais suspeitaria. Fade out? ainda é cedo, diz ele. Kick out! E diz desta maneira! Neil Young, guitarras, harmónica, voz; Rick Rosas, baixo; Chad Cromwell: bateria. Living With War.