João Santos (JS), da distribuidora discográfica Dwitza, atento ao espírito da época, chama a atenção para a pertinência da questão formulada pelo trompetista norte-americano Dave Douglas, numa entrada do blog que mantém no site da editora Greenleaf Music: "Is there a writer who can take on the project of an unbiased overview of music since the end of the Vietnam war? The typical problem with this project is defining jazz -- the music is so stylistically broad. Where do you draw the lines? What do you include and what leave out? That has remained the stubborn, unanswerable question, though many would insist they have the answer. I believe history can be told without obsessing over definitions. If you are only capable of representing this one way it'll be impossible to take it all in and understand what's happened. It's a generation of multiplicity, and it's the generation that made us what we are today".
À questão reagiram vários leitores, entre os quais o pianista Ethan Iverson, no blog da página do trio The Bad Plus. Na oportunidade, Iverson aproveitou para avançar com uma lista pessoal de discos preferidos, tomndo como termo inicial não o fim da Guerra do Vietnam, mas outra data: "I offer up a list of records that I copied off my shelves last week when The Bad Plus was taking a break. I’m going to cheat a little bit: instead of the end of ‘Nam, I’m going to start in 1973 (the year of my birth) in order to sneak in a few more records". Entretanto, Iverson convidou os leitores do blog a enviarem-lhe as suas próprias listas de discos, as quais vieram posteriormente a ser organizadas num interessante e curioso Jazz Records '73-'90, guia discográfico online, relativo a um período da história que ainda hoje gera bastos equívocos e incompreensões, tantas vezes desconhecido ou nem sempre devidamente valorizado, tanto deste lado, como na América. Pertinente, aditou JS: “Esta história só ficará bem percebida com o input de críticos europeus (e de gente das editoras escandinavas, inglesas, italianas, francesas, alemãs, etc, que, melhor do que as norte-americanas, documentaram o período". Como ilustração desta história e do interesse que este tipo de questões suscita junto do público, que revela o potencial da cultura dos blogs e do intercâmbio de informação entre pessoas via Internet, JS contou-me um episódio ocorrido sábado passado em Nova Iorque, protagonizado por um amigo seu. Tendo-se dirigido ao balcão da Downtown Music Gallery, perguntou por "Air Time" (Nessa, 1977), disco do trio Air (Henry Threadgill, Fred Hopkins e Steve McCall), constante do tal "guia". Como resposta, obteve que tinham acabado de vender uma cópia, e que teriam de verificar se havia mais. “Teve sorte, ficou com o último, mas as outras duas pessoas que estavam na loja também queriam o mesmo disco…”.