Em 2003, o psicólogo e investigador britânico
Geoffrey Wills publicou no
The British Journal of Psychiatry, «
Forty lives in the bebop business: mental health in a group of eminent jazz musicians», um
estudo sobre psicopatologia tendo por base uma amostra de músicos de jazz da época do bebop. A partir de factos biográficos de
40 músicos de jazz, entre os quais Willis diagnosticou a existência de níveis de distúrbios psicopatológicos semelhantes aos encontrados em grupos de criadores de outras formas de arte, estabelecendo embora novas conexões entre criatividade e desequilíbrio psíquico, a partir do consumo de drogas e da disfuncionalidade familiar. Ou seja, já se sabia empiricamente que quanto mais desequilibrados, melhor; faltava só a bênção da ciência que estuda as complexidades da psique humana.
Charlie Parker (1920-1955),
apontado como paradigma desta tese, consumia quantidades elevadas de drogas e álcool, sofria de depressões, e no entanto a sua criatividade manteve sempre um nível muito elevado. O concerto no Massey Hall, em Toronto, que data de Maio de 1953, com Dizzie Gillespie, Max Roach, Chalie Mingus e Bud Powell – considerado um exemplo máximo da sua arte – aconteceu entre dois internamentos hospitalares por distúrbios psiquiátricos seguidos, um em Camarillo e outro no Bellevue Hospital, de Nova Iorque.
Também a ler no mesmo The British Journal of Psychiatry: «'Kind of Blue': Creativity, Mental disorder and Jazz», um estudo de Rob Poole (2003).