"The Vampire's Revenge", a mais recente realização de Dom Minasi, compositor, guitarrista e impovisador, é um acontecimento de se lhe tirar o chapéu, ao nível da composição, arranjos e execução. Os dez temas deste concept album, inspirados em "Entrevista com o Vampiro", de Anne Rice, abordados numa perspectiva humorística (Who’s Your Dentist? e Just One More Bite, por exemplo), são todos da escrita inspirada de Dom Minasi, mais conhecido pelos Blue Note dos Anos 70, “When Joanna Loved Me” (1974) e “I Have the Feeling I’ve Been Here Before” (1975), e, mais recentemente, por uma incursão na CIMP em nome próprio (“Finishing Touches”) e por outra com Blaise Siwula ("Dialing Privileges"). Os arranjos de "The Vampire's Revenge", complexos desenvolvimentos das composições, servem de ponte entre a escrita e a improvisação, a cargo de um grupo alargado de 22 músicos, no total, dispostos em pequenos grupos a partir de uma base fixa de três, formada por Dom Minasi (guitarras de 6 e 12 cordas), Ken Filiano (contrabaixo e electrónica) e Jackson Krall (bateria). Todos os outros participantes têm o estatuto de convidados especiais, autêntico who’s who da cena improvisada de Nova Iorque: Perry Robinson (clarinete), Joe Giardullo (saxofone soprano), Jason Kao Hwang (violino), Tomas Ulrich (violoncelo), Joe McPhee (saxofone tenor), Sabir Mateen (saxofone tenor), John Gunther (saxofones), Ras Moshe (sopros), Blaise Siwula (saxofone alto), Mark Whitecage (saxofone alto), Paul Smoker (fliscórnio), Herb Robertson (trompete), Steve Swell (trombone), François Grillot (contrabaixo), Borah Bergman (piano), Matthew Shipp (piano), Carol Mennie (voz), Peter Ratray (recitação) e Byron Olson (direcção de orquestra).
Duas horas de música numa suite de improvisação gravada ao primeiro take (o som de Joe Rosenberg é nada menos que primoroso), balizada por secções escritas ancoradas no trabalho de Minasi, Filiano e Krall – a ponte através da qual se processam as trocas entre as participações individuais e o ensemble. Dom Minasi compôs as secções escritas tendo em mente cada um dos improvisadores escolhidos, de tal forma que, coerentemente, a música escrita acaba por soar a improvisada e vice-versa. Minasi evitou entrar pela via da jam session, criando melodias distintas entre movimentos, estruturas que se articulam com os tempos livres (chaos in time) numa linguagem versátil e inovadora, cuja gestão ficou inteiramente a cargo de cada solista. O acabamento especial nas peças de maior fôlego, em que chegam a participar 15 músicos de uma vez, é dado pela direcção de Byron Olson, responsável pela harmonização das transições.
Dom Minasi - The Vampire’s Revenge (CDM Records)