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6.7.06
 
O sétimo título do aclamado Trio X (Joe Mcphee, neste caso exclusivamente em saxofone tenor; Dominic Duval, contrabaixo; e Jay Rosen, bateria), gravado em Outubro de 2004 para a Creative Improvised Music Projects (CIMP), “The Sugar Hill Suite”, homenageia a história e o espírito do Harlem, através de um olhar retrospectivo sobre o famoso bairro de Manhattan, a alta do Harlem, o mais importante centro cultural da Nova Iorque nos anos 50 e 60 do século passado. Sugar Hill é revisitada pelo trio tendo em mente o espírito da famosa fotografia de Art Kane, o fotógrafo da revista Esquire que numa manhã de Agosto de 1958 reuniu e registou em película um grupo de 57 músicos que posou para a posteridade na 126th Street ("A Great Day in Harlem"). Nele figuraram três gerações de jazzmen que praticavam estilos tão próximos e diversos como dixieland, new orleans, swing, bop, cool e pós-bop, juntos no mesmo enquadramento, representam o traço de união entre todas as formas e estilos, algo que para Joe McPhee e companhia é muito importante.
A forma como olham para o passado não tem vestígios de passadismo; a fantástica história que as ruas do Harlem encerra, as noites do Cotton Club, Savoy Ballroom, Apollo Theater, Small's Paradise, Minton's e outros em que ficou lavrado o período áureo dos anos 50, serve-lhes de inspiração para compor uma elegia ao Harlem de outros tempos. O disco contém oito peças, um programa eclético e variado no estilo e no gosto, que cobre três improvisações do trio, For Augusta Savage (homenagem à escultora do Harlem), Triple Play e The Sugar Hill Suite; dois temas gospel tradicionais (Sometimes I Feel Like a Motherless Child e Goin’ Home), a recuperação de originais de Ellington (Drop Me Off in Harlem) e Freddie Hubbard (Little Sunflower), e um tributo de Joe McPhee a Thelonious Monk, Monk’s Waltz, por onde passa a revisão de boa parte da história do jazz, vista pelo olhar utópico e renovador de um dos trios mais excitantes do jazz contemporâneo. McPhee, Duval e Rosen evitam enveredar pelas facilidades da mostra turístico-nostálgica de um tempo que já não volta, procurando antes acentuar a ideia de que o jazz contemporâneo encontra sólidos fundamentos numa história e numa tradição de que se orgulham e que importa assumir, valorizar e dar a conhecer ao público de hoje, para melhor compreender o presente e deixar perscrutar o que aí vem, sem esquecer que a evolução passa pela reflexão construtiva sobre o passado. Ou a esperança de Joe McPhee: «Look forward to the promise of a new artistic renaissance».
Trio X: J. McPhee/D. Duval/J. Rosen - The Sugar Hill Suite (CIMP 320)


 


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