A flautista norte-americana Ellen Burr tem um curriculum escolar e performativo impressionante, com enorme prestígio no meio musical da Costa Oeste dos EUA, granjeado sobretudo ao longo da última década. Além da formação musical de nível superior, Ellen estudou composição com John Cage, Jim Walker, Frances Shelly e Jim Hamilton, e realizou master classes com William Bennett, Michel Debost e Jean Pierre Rampal. No jazz e na música improvisada, trabalhou com Yusef Lateef, Adam Rudolph, Steuart Liebig, Wolfgang Fuchs, Mark Dresser, James Newton, Harris Eisenstadt e Vinny Golia, entre outros, o que a levou a incrementar o interesse e o entusiasmo pela investigação das possibilidades técnicas da flauta. Por outras palavras, Ellen Burr investe na chamada creative improvised music toda a técnica e virtuosismo adquiridos no percurso pela clássica, tendo-se tornando num dos grandes valores da nova composição e improvisação da comunidade musical de Los Angeles.
Para a realização de "Duos", Ellen Burr convidou quatro amigos para com ela improvisarem sobre partituras gráficas por si desenhadas. À excepção das peças inicial e final, dois solos de flauta (Ball of Yarn e Warp & Weave), as outras cinco composições contam à vez com a fagotista Sarah Schoenbeck (Canon-Cards-Canon I), o clarinetista neozelandês Andrew Pask (Permutations ’62), a percussionista Jeanette Kangas (Four Square), e o contrabaixista Steuart Liebig (Senbazuru), reincidindo Sara Schoenbeck em Canon-Cards-Canon II. O somatório dos trabalhos resulta numa sessão tranquila e despretensiosa, em que a flauta transversal se deixa desafiar pelos outros instrumentos. Sinergias de improvisação erudita reunidas num disco que se ouve bem e com proveito a qualquer hora do dia ou da noite, enquanto se pensa em Roland Kirk, figura que de vez em quando parece vir à superfície.