Declaro-me fervoroso apreciador sem reservas de European Echoes, disco da orquestra dirigida por Manfred Schoof, oportunamente reeditado pela Atavistic/Unheard Music Series. Em 1969, a nata da improvisação livre europeia pedalava com uma energia avassaladora, que chega aos nossos dias em boas condições de envelhecimento e preservação das propriedades encantatórias. Do quinteto original de Schoof entraram na festa, além do trompetista, Gerd Dudek, Buschi Niebergall e Alex von Schlippenbach; do trio de Peter Brötzmann, o próprio, Han Bennink e Fred Van Hove; dos grupos associados a Pierre Favre, Arjen Gorter, Peter Kowald e Irène Schweizer; do Reino Unido, Evan Parker, Paul Rutherford e Derek Bailey; de Itália Enrico Rava; da Dinamarca, Hugh Steinmetz. Um total de 16 elementos. Três trompetes, três pianos (!), três saxofones, três contrabaixos, duas baterias, trombone e guitarra. Da digressão europeia resultou uma bobine para transmissão radiofónica, que veio a dar origem à edição inaugural da editora alemã Free Music Production, mais conhecida pela sigla FMP. Um vintage explosivo e devastador, susceptível de fazer as delícias dos fans de jazz, improv, noise, experimental e enfim, de música, além de constituir um documento importante para compreender a transição do free jazz tal qual se fazia na América, para a free music europeia, que atesta a correspondente aquisição de identidade e estatuto próprios.