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16.12.05
  Booker Ervin, Structurally Sound

Este disco de Booker Ervin (1930-1970) para a Blue Note vem na sequência da série de Books que o saxofonista texano gravou para a Prestige na primeira metade da década de 60. Booker há muito que merecia a atenção daquela que era a mais influente marca de discos da época, e a oportunidade chegou em 1966, após três dias de gravação no Pacific Jazz Studios, em Los Angeles. Mesmo não sendo o melhor Booker (qualquer dos prestigiados Books – Freedom, Song, Blues e Space, ou até Exultation e Heavy!!!, por exemplo, batem-no aos pontos, porque mais espontâneos e menos encenados na produção), em Structurally Sound estão presentes, ainda que de forma intermitente, os traços que fazem de Booker Ervin um dos maiores do saxofone tenor. E que traços são esses? Desde logo, o som áspero e viril, o ataque (é extraordinária a forma como Booker entra a matar nos solos e deles sai como toureiro após arriscada faena), a tal mistura rica de Dexter com Coltrane de que se fala habitualmente, o swing espesso e cremoso, a acentuação própria de um bluesman autêntico e genuíno; a paixão e a energia exaltantes, mesmo quando arrulha uma balada delicodoce. Outro aspecto assinalável em Structurally Sound, além da competente secção rítmica formada por John Hicks, Red Mitchell e Lenny McBrowne, é a presença de Charles Tolliver, o bopper vanguardista de grande classe e capacidade de afirmação, parceiro certo para este tipo de programa variado, que agrada às várias sensibilidades do jazz, posicionando-se no vasto território do "centrão". Ao nível das composições, cabe um pouco de tudo: originais de Ervin, Randy Weston, Oliver Nelson, Tolliver, Strayhorn, Frank Foster, Erving Berlin (à reedição em CD, da Connoisseur Series, acrescentaram White Christmas), etc., com arranjos compatíveis com o tal desígnio de agradar a gregos e troianos. Porém, como tantas vezes acontece em casos como o presente, a tentativa resulta frouxa na consecução dos intentos. Ganha-se em amplitude, perde-se em coerência e direcção. Mas voltando ao lado positivo do disco, Tolliver, sem se exceder, agrada; Booker é enorme. Na audição sequencial dos 12 temas apetece isolar os solos de Booker Ervin de tudo o resto. Mas nem seria preciso, porque quando Booker Ervin toca, à volta faz-se silêncio. Só por isso já vale a pena regressar amiúde a Structurally Sound.

 


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