«O regresso de Henry Grimes tornou-se numa das melhores histórias de 2003. Longe dos holofotes durante 35 anos, o contrabaixista regressou ao activo e, em poucos meses, recuperou a mestria que sempre o caracterizou. Na Casa da Música, o norte-americano faz-se acompanhar pela pianista Marilyn Crispell e pelo baterista Andrew Cyrille.
Eleito "Músico do ano" em 2003, pela revista nova-iorquina «All About Jazz», e nomeado "Artista de Jazz do ano" em 2003 e 2004 pelo «L.A. Weekly», Henry Grimes foi aclamado no seu regresso e, desde então, não parou de tocar. No início dos anos 50 o talento de Henry Grimes despertou a atenção de vários músicos de jazz norte-americanos que o convidaram para os seus registos, ainda muito jovem. Participou em meia centena de álbuns e manteve-se brilhantemente no top da cena jazzísitica nos EUA. Uma década mais tarde, ao lado de Cecil Taylor, contribuiu para o desenvolvimento do free-jazz. Em 1967, com apenas 31 anos, Grimes desapareceu da cena musical.
Para além da desilusão e frustração com o Jazz, o contrabaixista sofreu alguns problemas mentais. Obrigado a vender o instrumento, por não ter dinheiro para a sua recuperação, Grimes instalou-se em Los Angeles onde entrou num período obscuro da sua vida, dedicando-se à poesia e ao teatro. Há 20 anos a viver no mesmo quarto de hotel, o contrabaixista foi reconhecido pelo escritor e assistente social Marshall Marrotte que, com a ajuda da editora e jornalista do Jazz Attack!, Margaret David, publicou um anúncio onde pedia um contrabaixo. Apesar da demora, a resposta veio do exímio baixista e representante de free-jazz William Parker que lhe ofereceu o seu Olive Oil, assim se chamava o imponente instrumento de cor verde. A primeira preocupação de Marrotte, quando encontrou Grimes, foi reintroduzi-lo no mundo da música. "Fiquei espantado quando ouvi os álbuns de Cecil Taylor, Albert Ayler e até alguns meus", recorda Grimes. "Na altura não lhes prestei muita atenção mas quando os voltei a ouvir fiquei deslumbrado. Nunca me tinha apercebido da sua qualidade e abrangência", concluiu. Apesar dos anos perdidos, o contrabaixista não se arrepende de nada: "estou a endireitar as coisas e, desta vez, vim para ficar!".
No final de 2002, Henry Grimes recomeçou a tocar e, poucos meses depois, vieram os pequenos concertos e depois os festivais de jazz. Em 2004, Grimes juntou-se à pianista Marilyn Crispell e ao baterista Andrew Cyrille. É este trio que poderemos ver e ouvir na Casa da Música. Completamente rejuvenescido, Grimes aprofundou os mistérios mais ocultos e dá-los a conhecer através de conceitos negros de forma emocional e bastante inspirada».
"The return of Henry Grimes was remarkable because so many musicians fall by the wayside and are never heard from again. The world needs these musicians. Yes, the world needs every good creative spirit to make his or her contribution immediately" - William Parker
Hoje à noite, Henry Grimes, Marilyn Crispell e Andrew Cyrille na Casa da Música. Porto.