Atenção! É já amanhã, sexta 24 de Junho, que os WOLF EYES actuam em Lisboa, na ZdB!
Para saber mais sobre este camartélico trio:
«O papel que os Wolf Eyes terão a longo prazo na história é obviamente especulativo. Contudo, será difícil encontrar um punhado de artistas ou bandas nesta primeira década de milénio que possam vir a ter o mesmo peso deste trio. Pela simples razão de terem lançado um álbum pela Sub Pop (o fabuloso «Burned Mind», de 2004) depois de anos a editar edições limitadas em cassetes, CD-R’s, picture discs e LPs (com uns CDs pelo meio), a difusão alcançada por este lançamento, pode fazer muita cabeça insuspeita abrir completamente ao meio.
Não será um momento como o que a banda de Kurt Cobain viveu, ou mesmo os próprios Mudhoney quando «Superfuzz Big Muff» saiu (aliás, as vendas até agora são relativamente modestas), mas pelo simples facto de centenas ou milhares pelo mundo fora poderem reconsiderar questões tão básicas como a validade do ruído ou os limites do que é propriamente música parece salutar. Não deixa de ser curioso ver a Rolling Stone ou a Spin fazerem curto-circuito a tentar alinhar esta banda. Enquanto isso a Wire põe-os na capa de uma edição e Anthony Braxton, algures na Suécia num festival cujo cartaz partilhava com a banda, comprava todo o «merchandise» Wolf Eyes de que a banca dispunha.
Os Wolf Eyes são Aaron Dilloway, John Olson e Nate Young, três carismáticos cidadãos do estado de Michigan. Filhos da cena de Ann Arbor dos Couch de Marlon Magas (uma continuação raramente contada do no-wave) de meados dos anos 90 ou Universal Indians, bem como do festival de aberrações, ridículo e sujidade das várias encarnações dos Caroliner, os Wolf Eyes conseguiram edificar um universo único e riquíssimo, tanto em meios empregues quanto em resultados.
Os seus sons saem de uma parafernália de instrumentos sem par. Ao vivo, podemos vê-los com um tubo de aspiração de saliva «micado», um gongo amplificado, um maço medieval, uma guitarra com aspecto extra-terrestre e toda uma panóplia de caixas de ruído e pedais «homemade», em pilhas impressionantes. O som é puramente analógico, bafiento, assombrado; a música é pesadelos, filmes de terror levados a sério, sangue, medo, pavor. Ou como se o terror tivesse uma batida que desse para «headbanging».
Predecessores – até certo ponto, dada a idiossincrasia do projecto - podem ser encontrados nas ruminações mais oblíquas dos Butthole Surfers, nos britânicos Whitehouse, no ruído mitra do histórico Dylan Nyoukis (em nome próprio mas particularmente na sua obra enquanto Prick Decay), ou ainda nos míticos Smegma, anciões misteriosos do som puro, causadores de estranhezas multiplicas de há três décadas para cá (um par de colaborações entre o projecto e os Wolf Eyes saíram nos últimos dois anos).
O efeito surte há já algum tempo. Desde o início dos Wolf Eyes que a banda adensou ao impacto de um noise complexo, rico, real, vivo e humano. Veja-se o grau mítico a que o nova-iorquino No Fun Fest chegou (a banda foi cabeça de cartaz no primeiro ano), ou a quantidade de editoras de ruído analógico que surgiram em tempos recentes. Ao lado dos Hair Police, Double Leopards, Prurient, Sightings, Dead Machines ou To Live And Shave In L.A., são os pais e os porta-estandartes de um exército de miúdos disseminados pelos Estados Unidos, a encontrarem o seu próprio ruído e a compreenderem que som é música + infinito, enquanto tentam encontrar expressões físicas sónicas para a confusão que os corrói.
Estreia absoluta em Portugal de uma das bandas mais revolucionárias do presente milénio». - ZdB