Deus sabe quanto eu gosto do som de Booker Ervin (1930-1970). O texano, homem dos grandes espaços sonoros, soprava com uma tonalidade áspera, intensa e vigorosa, que não deixava ninguém insensível, para o melhor e para o pior. Hoje, com o passar dos anos, ficou na penumbra da história, a um passo do esquecimento. Mesmo no seu tempo, Booker teve grandes dificuldades em fazer-se notar. Em parte, porque Dexter Gordon, Sonny Rollins e John Coltrane concentravam a maioria das atenções e secavam outras fontes. Que injustiça, porque, se o jazz viu nascer e crescer um punhado de grandes saxofonistas, Booker Ervin tem necessariamente assento por direito próprio no núcleo duro mais importante do sax tenor. Gravou 9 discos para a Prestige, entre 1963 e 1966, e uns quantos mais para outras casas da especialidade (Bethlehem, Savoy, Candid, Blue Note), mas ficou conhecido sobretudo depois das colaborações com Charlie Mingus e Randy Weston, que nele ouviram o picante de que precisavam para condimentar a sua música. Vale bem a pena ouvir qualquer disco deste saxofonista que tocava com a mais exacerbada das paixões. Por exemplo, a tetralogia dos books é imperdível: The Freedom Book, The Space Book, The Song Book e The Blues Book (Prestige). Booker Ervin excelentíssimo. A descobrir ou a rever periodicamente.