Foi disco de estreia de um trio nova-iorquino de individual nomeada. Blue Collar, reúne Nate Wooley (trompete e voz), Steve Swell (trombone e voz) e Tatsuya Nakatani (percussão). "_______ IS AN APPARITION", assim se chamou o disco (com o espaço em branco para nele fazer encaixar a designação 'Blue Collar') que a editora italiana Rossbin Records publicou em 2004. Escapando a todas as convenções que se pudessem esperar dos emblemas do free jazz, o trio empenha-se em produzir ruído com valor musical, através de um catálogo variado de técnicas e de um vocabulário sonoro apropriado para esculpir o silêncio em tempo real e a exprimir emoções da maneira menos explícita e padronizada. O resultado tem muito mais a ver com os trâmites da nova música improvisada que se faz maioritariamente na Europa, que com o jazz norte-americano, passado ou presente, dentro ou fora dos limites estéticos da downtown de Nova Iorque. Trabalhando especificamente sobre o som, o trio logrou um bom ensaio na infinita procura de formas alternativas de expressão musical.
Não me lembro de ter visto escrito em lado nenhum, mas enquanto andámos distraídos passaram 20 anos sobre Teen Age Riot, o single quase perfeito. Foi só quando peguei no disco e fixei os olhos na data que me apercebei de tamanha dilação. «Everybody’s talking ‘bout the stormy weather / And what’s a man do to but work out whether it’s true? / Looking for a man with a focus and a temper / Who can open up a map and see between one and two». [Sonic Youth] http://experimentaletc.blogspot.com/2009/04/sy.html
Pedro Rebelo e Franziska Schroeder, músicos mais próximos da expressão erudita contemporânea, teoria e prática acústica e electroacústica, com um pé na improvisação; Ernesto Rodrigues e Guilherme Rodrigues, percorrem a via larga das actuais correntes da composição instantânea, juntaram-se para tocar e registar o resultado. Aqui está como dois afluentes com características de fundo e forma diferentes na sua multipolaridade, se juntam num mesmo e vasto curso que é a música improvisada. Em "May There Be..." há linguagens que se interseccionam, práticas concertadas que concorrem para formar um tertium genus, ambientes organizados numa mundivisão vivida e partilhada no risco permanente da falta de rede. É assim que, sem buscar deliberadamente encontrar o caminho da chegada, a música prefere especular para lá de todas as evidências sonoras, insinuar-se por entre as mutações orgânicas, deixando mais por dizer nos espaços em aberto, que no assinalar de pontos de referência. Piano preparado, violino, saxofone soprano e violoncelo trocam sinais tímbricos do centro para a periferia e no sentido inverso, entabulam jogos de dinâmicas variáveis e estabelecem, de tema para tema (e são nove) diferentes relações não hieraquizadas por meio dessa prática comum que é improvisação. "May There Be..." é um disco de câmara de criação espontânea, lírico, de bela cor outonal, frágil e luminoso. Edição Creative Sources Recordings.
All About Jazz-New York - # Maio 2009
Barry Guy, Al Foster, Wadada Leo Smith, Posi-Tone, Flushing Town Hall ...
A sessão foi badalada por cá e por lá. Falo da Cat Power Black Session, concerto gravado, comentado e transmitido pela France Inter em 23 de Janeiro de 2008, entretanto reposto a pedido de uns quantos. A mocinha da franja, nascida Charlyn Marie Marshall em 21.01.1972 (ó que data tão linda), sabe cantar. E quando mais não pode, mia tão bem como canta. Com Cat Power. O alinhamento da Black Session dá em cheio no disco mais recente, Jukebox, tributo a algumas canções e seus criadores, e passa por versões mais que interessantes de Metal Heart, New York, New York, Ramblin’ (Wo)man, Silver Stallion, I Lost Someone, Lord Help The Poor And Needy, Dark End of The Street, Song To Bobby, Naked, Don’t Explain, Aretha, Sing One for Me, She’s Got You (Bad), She’s Got You e Lived in Bars. Como bónus, o J&A oferece ainda Radio Stream Session Of Brave New World (1998), outra sessão radiofónica a escutar.
Por falar em Pharoah Sanders, recordo o primeiro que dele ouvi: Live At The East (Impulse!), para aí em 1975. Carcavelos, tarde de sol, casa do Nuno e Suas Irmãs (ele e as três). Live at the East é uma experiência única, disso sabe que o descascou a fundo ao longo dos anos. Um disco assaz indutor de estados expandidos e alterados de consciência, ainda que sem o uso de substâncias exógenas. Três temas: Healing Song (21'46); Lumkili (12'52) e Memories of J. W. Coltrane (8'35). Pharoah Sanders, com Cecil McBee, Stanley Clarke, Lawrence Killian, Norman Connors, William Hart, Carlos Garnett, Joseph Bonner, Harold Vic e Marvin Peterson. Outro momento alto de rememoração exógena e endógena do universo faraónico aconteceu no já distante Cascais Jazz de 1984. Pharoah Sanders com quem? Deixa cá ver... ah, com Kirk Lightsey, piano (que ataque, que mão esquerda...), o contrabaixista David Eubanks, e a bateria de Eddie Gladden. Ah, a nostalgia duma distante e perfeita noite de Verão...
Uma curiosidade relacionada com a feitura do disco: «Regardless of this album’s title, Live At The East is not actually live at the East. The East, a cultural and educational center for people of African descent, was based in Brooklyn and existed from the late ‘60s through to the ‘80s. Pharoah Saunders was very influenced by the center and dedicated one of his Impulse! recordings to it. However, the cost of moving the recording equipment to Brooklyn was prohibitively expensive, so the cheaper option was used and the East audience (or family) were shipped to the studios for the faux-live recording session».
Novo EP (27') de Phillip Wilkerson - Midland. «For me it’s a very relaxing and dreamy work. It just lets me visualize places and pictures very easily while listening to it. Reminds me of a warm holiday, sitting on a hill, listening to humming insects and viewing a peaceful, unknown landscape. Really beautiful and inspiring». Subscrevo. Resting Bell, Berlim.
A 24 de Abril, às 23h30 de Paris (21h30 de Lisboa), a France Musique (Jazz Club) transmite en directo do clube Sunset (60 Rue des Lombards, Paris), um concerto do quarteto de William Parker, com Rob Brown, Lewis Barnes e Hamid Drake.
Ícones e Inovadores
George Lewis Sequel (EUA, Itália, Reino Unido, Alemanha) - George Lewis (trombone, laptop), Jeff Parker (guitarra eléctrica), Siegfried Rössert (contrabaixo, voz, laptop), Miya Masaoka (koto, laptop, electrónica), Kaffe Matthews (electrónica), DJ Mutamassik (gira-discos), Ulrich Müller (guitarra, laptop), Guillermo E. Brown (bateria, percussão, electrónica)
Domingo, 2 Ago 2009, 15:30 - Auditório Três Nublu Orchestra condução ® Lawrence D. «Butch» Morris (EUA, Dinamarca, Suécia, Itália) -Lawrence D. «Butch» Morris (condução), Fabio Morgera (trompete), Jonathon Haffner (saxofone alto), Ilhan Ersahin (saxofone tenor), Ava Mendoza (guitarra), Doug Wieselman (guitarra, clarinete baixo), Thor Madsen (guitarra), J.A. Deane (samples em tempo real, electrónica), Juini Booth (contrabaixo), Michael Kiaer (baixo eléctrico), Kenny Wollesen (bateria) Bill Dixon with Exploding Star Orchestra (EUA) - Bill Dixon e Rob Mazurek (trompete, composição), John Herndon (bateria), Damon Locks (voz), Josh Abrams (contrabaixo), Jeff Parker (guitarra eléctrica), Nicole Mitchell (flauta, voz), Jebb Bishop (trombone), Jason Adasewicz (vibrafone, carrilhão), Matt Lux (baixo eléctrico), Matt Bauder (clarinete baixo, saxofone tenor), Mike Reeed (bateria, tímpano).
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Brötzmann, Kondo, Pupillo, Nilssen-Love - Hairy Bones. Novo, na okka disk. Um quase Die Like a Dog, vamos lá. Tudo previsível e imprevisto, como de costume, neste live no Bimhuis de Amesterdão. Não há nada que saber: é respirar fundo e mergulhar durante mais de meia hora de cada vez. Hairy Bones (31:43) e Chain Dogs (37:33). O resto é paisagem.
A composição Double Sextet (for ensemble and pre-recorded tape), de Steve Reich, estreada em Março de 2008, venceu o prémio Pulitzer na categoria 'Música'. As outras finalistas à competição foram “7 Etudes for Solo Piano”, de Don Byron (nottuskegeelike music/BMI), e “Brion”, de Harold Meltzer (Urban Scrawl Music Company). «For distinguished musical composition by an American that has had its first performance or recording in the United States during the year, Ten thousand dollars ($10,000). Awarded to “Double Sextet,” by Steve Reich (Boosey & Hawkes), premiered on March 26, 2008 in Richmond, VA, a major work that displays an ability to channel an initial burst of energy into a large-scale musical event, built with masterful control and consistently intriguing to the ear».
O cartaz é do ano passado. Porque este ano não há FIMAV - Festival International de Musique Actuelle de Victoriaville, Canadá. As razões são as que toda a gente sabe ou desconfia. Espera-se que o festival regresse em 2010 com a mesma força de sempre. Para tanto está em curso um movimento de apoio ao retorno do FIMAV. A esta distância aquela que será a 26º edição de uma das mais importantes mostras da música informal da actualidade tem já data marcada os dias que vão de 20 a 24 de Maio do ano que vem, no sítio do costume: Victoriaville, Quebeque, Canadá.
António Branco dixit: «O Conservatório Regional do Baixo Alentejo (CRBA), através do seu Clube de Jazz, e o Espaço VOL – Livraria Vemos, Ouvimos e Lemos, vão dar início em Serpa a um curso livre de iniciação à história do jazz, intitulado “Jazz de A a Z – Uma Viagem à História do Jazz”. Tal como outras que o Clube de Jazz do CRBA tem vindo a desenvolver, esta acção visa contribuir para a divulgação deste género musical na região do Baixo Alentejo. Pretende-se que os participantes adquiram conhecimentos na área do jazz: génese e evolução, principais correntes estéticas e seu enquadramento histórico, músicos e discos mais marcantes, etc..
A iniciativa encontra-se estruturada em oito sessões que decorrerão semanalmente, às quartas-feiras, pelas 21h30, entre 6 de Maio e 24 de Junho, no Espaço VOL (Largo 5 de Outubro, 7, em Serpa)».
[Archaic Horizon Records]
O Bloom Project, originário de San Francisco, nasceu da confluência de interesses estéticos do pianista Thollem Mcdonas e do saxofonista e produtor Rent Romus. Sobrevoando géneros e estilos, o duo encontrou um ponto de equilíbrio na forma livre, totalmente espontânea, de afirmar as suas ideias musicais, por mais diversas que sejam. O projecto expandiu-se entretanto com a abertura a novas participações, como a do artista sonoro e construtor de instrumentos musicais Steven Baker, e a do percussionista Jon Brumit. No formato quadrilátero, o Bloom Project, mais rico e consistente, pesquisa sobre vários aspectos da improvisação colectiva. Sem descurar um olhar minucioso sobre a textura sonora e as diferentes combinações a que se chega através da interpretação de partituras textuais ou gráficas apresentadas pelos participantes. Assim se reúne um conjunto harmonioso de formas orgânicas que estabelecem entre si curiosas relações, tal como se reconhece nos capítulos já publicados: Blooms, Sudden Aurora e Prismatic Season. Edição da norte-americana Edgetone Records.
Saiu o Volume 03 da Shsk'h, com quatro peças compostas por Kenneth Kirschner, Aaron Siegel, Igor Ballereau e Giuliano D'Angiolini. 'All works commissioned and produced by Shsk'h. LLC1 recorded by Kenneth Kirschner. 2-4 recorded at Clinton studios, New York - February 21 (2), March 9-10 (4) and March 23-24 (3) 2009 by Bryan Smith. Mastered by Nathan James. Thanks to Anne Guthrie, Royce & everyone at Clinton, Gerard Pape, Taylor Deupree, Zoe and Leo Siegel'.
A Canadian Broadcast Company (CBC) disponibiliza on demand dezenas de concertos. No meio deles vim a descobrir um episódio ao vivo da Sun Ra Arkestra, sob a direcção de Marshall Allen. A gravação, realizada no Palais Royale Ballroom, em Toronto, Canadá, data de 21 de Outubro do ano passado, e levou o título de Hymn to the Universe. A música, dividida em três segmentos longos (Section One: Seeing - 31:31; Section Two: Omniverse - 10:04; e Section Three: Attunement - 38:19) é de Sun Ra, mas também se pode ouvir Black and Tan Fantasy, de Duke Ellington, logo depois da sacudidela inicial, e arranjos de vários membros da Arkestra para a companhia de dança Coleman Lemieux & Compagnie.
«Acustica is perhaps the most refined example of Kagel's work within his invented genre of 'instrumental theatre'. The score notes that 'the piece calls for unorthodox musicians who are prepared to extend the frontiers of their craft' since few of the 'experimental sound devices' specified are conventional instruments and where conventional instruments are included they are to be played in extraordinary ways. Each instrumental action is, however, meticulously notated and the creation and/or modification of instruments are also shown in diagrams and photographs. What the score does not specify is the order in which the individual instrumental events are to be played; Kagel suggests instead that each performer should select the events that they want to perform and then discover in rehearsal how best to order them in combination both with the pre-recorded material and with the sounds of the other players. If the result owes obvious debts both to John Cage and to the theatre of the absurd, its subversive critique of received ideas on what constitutes music and musical instruments is above all typical of Kagel, contemporary master of irony». (Christopher Fox)
Kölner Ensemble für Neue Musik: Christoph Caskel, Karlheinz Böttner, Edward H. Tarr, Wilhelm Bruck & Vinko Globokar. Recorded at Studio Rhenus, Godof Bei, Köln (28-31.1.1971)
«For two months each Winter, residents of the Norwegian territory of Svalbard experience a phenomenon known as the Polar Night, a period of constant darkness without natural light...
Inspired by the isolation and emptiness inherent in the Polar Night, the Toronto-based electronic duo KALTE [Deane Hughes & Rik MacLean] has released "Glaciations" [dark winter], a series of five sound environments made up of cold elements and deep darkness. Drawing from a range of organic sound sources which have been altered and reassembled, "Glaciations" immerses the listener in a space that evokes the feeling of solitude and glacial winds, where dark tones drift through the soundscape, shifting in subtle ways. With their work in zero-bpm, music concréte and deep ambient, Deane Hughes and Rik MacLean produce eerie and expansive soundscapes by combining natural and electronic elements. "Glaciations" is the duo's latest release, building and expanding on ideas explored on their debut, “The Lanthanide Series” (Stasisfield, 2008). Hughes and MacLean are currently working on their debut full-length CD».
with the Amsterdam Baroque Orchestra and Choir
Mental Health Consumer, aka Brian Ruskin, publicou Ambia na Clinical Archives. 'A collection of aural environments and scored emotions. It is an interplay of drones, sparse harmonies, soundtracks for half-sleep, feelings of awe and states in between. Mental Health Consumer recorded and mixed many of the tracks live, allowing a fuller immersion in the meditative immediacy of how one hears and responds to music'.
Dennis González convida: 'Come and celebrate the end of American Tax Season with a bit of New Music from Dennis Gonzalez Yells At Eels (Dennis Gonzalez - cornet/trumpet; Aaron Gonzalez - contrabass; Stefan Gonzalez, drums) sharing the evening of Sunday, April 19, with the improvising trio of Dave Dove (trombone), Sonia Flores (contrabass) and Jason Jackson (saxophone)'.
Miles eléctrico em Berlim, 1971 (Philharmonie, 6 de Novembro), com Miles Davis, Keith Jarrett, Gary Bartz, Michael Henderson, Leon "Ndugu" Chancler, Charles Don Alias e James “Mtume” Forman. Pena que The 1971 Berlin Concert esteja uns furos abaixo da exuberância sonora e pictórica de outro DVD disponível no mercado, Miles Electric: A Different Kind of Blue (Keith Jarrett, Chick Corea, Gary Bartz, Dave Holland, Jack DeJohnette e Airto Moreira), a gravação do concerto da Isle of Wight em 1970, mas não demerece atenção. Para contrabalançar, a edição inclui como extra solos de Keith Jarrett gravados no Umbria Jazz Festival, em Perugia, Itália, 1974. Discovery Records.
Bending Corners - a monthly jazz~n~groove podcast of jazz and jazz-inspired grooves. If you enjoy the groove side of all things "jazz", this is your thang.
Na mistura mais recente, Março de 2009, sob o mote «Heading into spring with a set of adventurous and dynamic tunes, expressive and full of energy, but not over done», Bending Corners propõe um alinhamento viçoso, a puxar pela Primavera: Randy Weston, Eero Koivistoinen, Natural Food, Volker Kriegel, Charly Antolini, Roy Ayres, John Klemmer, Larry Willis, Harold Alexander e Roy Haynes.
Pedro Almeida (aka aCUR, aka paL), realizou Essays on Radio para a Crónica Electrónica. É o mais recente caíputo da série Crónicaster (045), um projecto da editora portuguesa cujo enfoque é dado a trabalhos de radioarte, actuações ao vivo, remisturas e peças congéneres. A não peder na página da Crónica, as duas anteriores fatias: 044: On the Concept of History (An Introduction / 2008 Top 16) 78RPM Transcriptions, de Stephan Mathieu , e 043: Innen & Auren, de Franke, Neumann, Schmidt, Weinheimer.
STeT LAB is…
…a forum for improvisers - novice, veteran; student, teacher; part- or full-timer; amateur, professional; local or visitor.
…a space in which improvisers of varying experience can meet, share, learn, and get to know one another.
…a safe, but public, platform for relative newcomers to improvisation to practice their craft.
…a place to hear music—to witness performance(s)—in progress and in process.
…a celebration of the practice of improvisation in all its diversity, complexity and, perhaps, contradictions.
…an environment in which (the practice of) music might mutate, diversify and hybridize.
…a curated jam session.
…a non-exclusive club.
…based in Cork, Ireland.
…affiliated with buster & friends’ d’da.
…curated by Han-earl Park, and run by the Stet Lab (ir)regulars.
…a project originally launched in collaboration with the Cork Music Collective.
Alípio C. Neto NY Quartet - The Perfume Comes Before the Flower
Joseph Hayden's The Seven Last Words of Christ on the Cross is one of the most emblematic musical creations of the Age of Enlightenment. More than 200 years later, its spiritual message and expressive power are as vibrant as ever. This richly varied sequence of eight slow movements maintains a powerful mood of stirring intensity and fervor. For this, their second traversal of the work on CD, Jordi Savall and Le Concert des Nations traveled to the little-known site of its first performance (1786) – the Santa Cueva Church in the Spanish city of Cadiz, at the southernmost tip of the Iberian Peninsula. The result is a spacious and moving recording, which intersperses the spoken Biblical quotations in Latin between the musical movements. The generously illustrated booklet includes specially commissioned meditations on Christ's words by two leading figures of modern spiritual thought: theologian Raimon Panikkar and Nobel Prize-winning author Jose Saramago [alia vox].
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Seven_Last_Words_of_Christ
terje paulsen - twenty feet for buddha [resting bell]
«terje paulsen is a sound-artist from Kristiansand, Norway, working with simple instruments and equipment, sometimes self made, sounds from found objects and fieldrecordings from his local enviroment. He likes the sounds to be hand made and does not use a laptop. “twenty feet for buddha” is a contemplative, subtle piece with a duration of about twenty minutes. terje made this track with some treated fieldrecordings and buddha-machines. It starts very quiet with some light drones, spotted higher tones and background-noise. From this point little melody-fragments were added, bearing the listener away».
Magda Mayas e Tony Buck fizeram um disco espantoso, assim como quem entretece um longo tapete com fios de luz e sombra. Difícil, esta arte de esculpir sons percussivos a quatro mãos, tem no duo Mayas-Buck um dos pontos mais altos da actualidade. Buck, membro do trio australiano The Necks, participa ainda numa variedade de grupos que abordam géneros que vão do rock às franjas do jazz, em estilos muito variados. Aluna de Misha Mengelberg, Mayas, que é também curadora do festival Tasten-Berliner Klaviertage, evoluiu do jazz para a improvisação livre, prática que exercita num espaço geográfico alargado, que vai da Europa à América, com uma grande volta pela Austrália. Nos dois temas de Gold (Mercury Machine e Golden), Mayas e Buck põem em prática um rol imenso de possibilidades e combinações sonoras a partir de uma base acústica de piano e percussão, que faz apelo à utilização extensiva de toda a morfologia interna e externa dos instrumentos. É fascinante a obsessão do duo pela malha cerrada, a que atribui escassos intervalos, marcada por uma segunda obsessão, a pontilhismo rítmico, crescente a cada segundo que passa, característica que põe em evidência toda a riqueza tímbrica que os instrumentos permitem explorar. Os efeitos rítmicos da mão esquerda da pianista combinam na perfeição com as acentuações irregulares das baixas frequências, do mesmo modo que o afagar das peças metálicas do kit de percussão casa bem com a preparação e a execução dentro do piano. O efeito geral, expresso em movimentos amplos, é de extrema eficácia narrativa – numa música que essencialmente o não é – e de assinalável beleza estética. A proposta da Creative Sources Recordings é irresistível.