Desde 2001 que Maximilian Marcoll e Hannes Galette Seidl mantêm uma colaboração sonora sob a designação colectiva de dis.playce. A actividade da dupla alemã, baseada em Essen, foca-se no trabalho sobre as múltiplas relações entre sons ambientais, captados com microfone, e sons inventados através de software de desenho original. A estratégia do dis.playce parte de um conceito base, que é depois desenvolvido a partir do desenho de sons novos e de pedaços de memória recuperados e remontados em conjunto para fruição em novo contexto, dissociado da provável fonte original, cuja identidade e proveniência apenas se pode conjecturar. No entanto, percebe-se um plano, uma linha de orientação que ocasionalmente se insinua para logo se esconder por entre as sombras furtivas, que deixa entrever traços intermitentes de um mapa escondido, qual desenho a carvão por debaixo da tinta sonora. Como um leitmotiv que estabelece conexões formais e informais entre múltiplos pontos de uma história fonográfica que se conta em dois capítulos. É de mapas que se trata na peça Karl Ortmann, homenagem sob a forma de arte sonora ao cartógrafo germânico com o mesmo nome (1917 – 1879), que em vida se dedicou ao estudo das estruturas sociais urbanas no contexto da cartografia, ciência que, em seu entender, deveria fazer reflectir os aspectos sociais da vida em sociedade. Que se passa aqui em termos acústicos? Intrigante, a peça questiona o ouvinte: imaginamos sons ou temos deles uma percepção real? Ian W. Cowell, peça apresentada no CD em versão adaptada, serviu originalmente para sonorizar uma instalação vídeo homónima, montada no piso de entrada do Dresdner Bank, em Frankfurt, construída a partir de material pré-gravado em ambiente de escritório, misturando sons de pessoas a escrever em computador e vozes de empregados num dia normal de trabalho, com o ruído da rua frente ao prédio para cujo hall a peça foi preparada. Em HABITAT (Creative Sources Recordings # 105), antigos e novos métodos de montagem e edição sonora adquirem interessantes e renovadas formulações no modo como sugerem espaços vivos com gente dentro.