Deve haver mais gente a quem isto acontece: de vez em quando tenho que voltar a ouvir Thick as Brick, Jethro Tull. Conheci-o em 1974 e de então para cá ouvi os dois temas de lado inteiro centenas de vezes. O Brick é o melhor disco dessa combinação irrepetível de rock, folk, blues, jazz, música medieval e sei lá que mais, a que se convencionou chamar rock progressivo, numa sucessão de temas, variações, secções, intersecções, interlúdios e transições. Ian Anderson, então com 25 anos, sabia fazer isso muito bem. Tal como fazer crer ao povo ouvinte que teria sido um puto de 8 anos, o tal Gerald Bostock da lenda prodigiosa, a escrever aqueles textos... pois sim. Durante décadas a especulação à volta do disco, letra e música, foi grande e ainda continua. O que importa é que, com Mr. Anderson, de 1971 (Aqualung, outro caso especial) a 1979, cada cavadela foi minhoca certa, sendo que Thick as a Brick dá mesmo p'os peitos a um cavalo (Heavy Horses). E envelheceu bem, o que não aconteceu com grande parte do prog complexo que se fez na altura. Este anda no leitor de mp3. É excelente para passear pelo campo. Quando entra a guitarra acústica no início da segunda parte (lado B do LP) depois de uma brilhante introdução de 4'04, é de ir às lágrimas com tudo o que se segue até ao fim do disco. Jethro Tull em 1972: Ian Anderson (voz, flauta, guitarra, violino, saxofone, trompete); Martin "Lancelot" Barre (guitarra e alaúde), John Evan (órgão, piano e cravo), Jeffrey Hammond-Hammond (baixo eléctrico) e Barriemore Barlow (bateria e percussão).