Palais de Mari (1986) e Piano (1977), duas peças de Morton Feldman (1926-1987) numa execução do pianista Ronnie Lynn Patterson. Música que habita no âmago do silêncio. Pequenos blocos em pianíssimo, ligeiras variações dinâmicas (mais em Piano, que em Palais de Mari), módulos que se sucedem em lenta, progressiva contemplação, ambientes sombrios, cores únicas, como na pintura de Mark Rothko ou, em alguns aspectos do trabalho de Philip Guston; de cromatismo reduzido, como em Red, Orange, Tan and Purple, obra de 1949 de Rothko. Para Feldman, quanto menos, melhor. A imagem de gotas de chuva a cair sobre uma piscina e a dissolverem-se imediatamente será talvez uma das que melhor descreve o que se passa nas duas longas peças, a rondar os 40 minutos cada. A música de Feldman exige treino de ouvido e capacidade de concentração para melhor observar o tempo em suspensão. Edição da francesa L'Empreinte Digitale.
«La douceur de la musique de Morton Feldman était la raison essentielle de mon contact avec l’univers de ce compositeur unique et génial. Son univers dévoile tout naturellement des traits de sa personnalité pour moi, une certaine solitude, la générosité, un désespoir, de l’amour et la tristesse. Toutes les qualités me touchent profondément. Paradoxal, car Feldman était connu comme quelqu’un de joyeux, généreux, chaleureux et doté d’un impressionnant sens de l’humour. Avant d’avoir découvert la musique de Morton Feldman, je sentais à l’intérieur de moi-même le besoin d’aborder le piano autrement. Un toucher très doux, des harmonies plus recherchées, élaborées mais intenses et une sensibilité extrême. C’est là vraiment où j’ai rencontré Morton Feldman: un connaisseur d’art, de musique, de cuisine, des femmes, tout ce que j’aime tant». - Ronnie Lynn Patterson