Quase me passava ao lado este SYMMETRY, de Henning Sieverts, edição de 2007 da alemã Pirouet Records, não fora a advertência de quem, estando atento, me fez competente aviso. Em boa hora, pois teria sido uma pena. Porque além da brincadeira com palíndromos, que o compositor Sieverts usa, desde os títulos – Top Spot; Sun Is In Us; Lion Oil; Deep Speed; All For One, One For All; Bird Rib; Leaves Fall Fall Leaves; Sum Summus Mus; Luz Azul; Never Odd Or Even; Evil Olive; We Few; Emit Time; Dr. Awkward – às séries de acordes, escalas, estruturas rítmicas, etc., à curiosidade engenhosa e humorística associada à ideia de jogar com imagens visuais e musicais reflexas, a música de SYMMETRY é inventiva, lógica, rigorosa, refrescante e muito agradável de ouvir. Para este projecto euro-americano, Henning Sieverts (contrabaixo e violoncelo) convidou Johannes Lauer (trombone), Chris Speed (saxofone tenor e clarinete), Achim Kaufmann (piano) e John Hollenbeck (bateria e percussão). Interessante é notar a mistura homogénea de elementos que são caros a uma música enérgica e musculada como a de Albert Mangelsdorff, como ao jazz de câmara de feição europeia, na parte em que mais influenciado tem sido pelo modernismo e pela escrita contemporânea, ao bop e ao west coast de raiz norte-americana, e à improvisação livre, formas de expressão que exprimem contrastes entre figuração e abstraccionismo, nas quais os cinco músicos são amplamente ilustrados e praticantes com total à-vontade. O disco, de cores suaves, é um trabalho sólido que ganha corpo com frequente revisitação. Distribuição lusa da Mbari.