Michel Blanc (bateria, vibrafone, percussão), membro do trio Push the Triangle, Jean-Luc Capozzo (trompete, cornetim), Franck Vigroux (guitarra eléctrica, electrónica), Antonin Rayon (órgão), Sandrine Robilliard (violoncelo), Eloise Decazes (voz), Jean-Marc Bourg (voz), Tom Gareil (vibrafone, quadro 9) e Aurélien Besnard (clarinete), participam no disco do primeiro, Les Onze Tableaux de L'Escouade, um fresco evocativo das pequenas misérias e desventuras do indivíduo na enorme tragédia colectiva que foi a Primeira Guerra Mundial. Inspirado na leitura de obras sobre a Grande Guerra e no Diário do Regimento de Infantaria n.º 158 a que pertenceu o avô Adrien Blanc, que serviu na frente de batalha entre 1914 e 1918, Michel Blanc idealizou, escreveu e pôs em marcha (trata-se da guerra…) estes onze quadros, numa mistura de improvisação electroacústica, spoken word e composição vanguardista, para contar a história dos horrores vividos no dia-a-dia das trincheiras no Norte de França. A sequência musical baseia-se num tema melódico enunciado pelo vibrafone, que depois é utilizado como matéria-prima ao longo dos quadros seguintes, sob a forma de variações. Além de um baterista competente, muito activo na cena francesa da fusion e do avant-rock modernos, Michel Blanc prova que tem talento para compor e arranjar, e que sabe coordenar o trabalho de um grupo de notáveis músicos franceses. Cor, movimento, improvisação, banda sonora, excertos do Diário do Regimento n.º 158 lidos por Jean-Marc Bourg, num experimentalismo conceptual de difícil balanço, a que podem ser atribuídos diversos rótulos e etiquetas, elementos que Blanc consegue equilibrar sem perder a capacidade de nos mergulhar no drama contado de forma audaciosa, o passo a passo de um doloroso “dever de memória”. Gosto especialmente do contraste entre a acidez da guitarra de Vigroux, que exprime a bravura dos combates, e a melancolia da trompete de Capozzo, que mostra a angústia desoladora da paisagem depois do Inferno de Verdun – durante 300 dias, entre 21 de Fevereiro e 19 de Dezembro de 1916, foi considerada a mais longa, violenta e mortífera de todas as batalhas que a história militar registrou até hoje. Co-produção de Michel Blanc e Franck Vigroux. Edição de estalo da independente francesa D’Autres Cordes.