Por esta também eu não esperava. Foi preciso lá ir para topar com DAMP, excelente disco a solo (à excepção de dois temas, em que se pode ouvir a guitarra de Sören Runolf) do sueco Sten Sandell. O pianista, recorde-se, é membro do trio Gush, em que também participam o saxofonista Mats Gustafsson e o percussionista Raymond Strid, e do Sten Sandell Trio, com Johan Berthling, contrabaixo, e Paal Nilssen-Love, percussão. DAMP faz parte de um punhado de discos que Sandell gravou para a editora sueca Bauta Records no decurso dos anos 80, os quais reflectem o seu lado mais exacto e percussivo em matéria de improvisação que o pianista quer desligada do swing e da tradição norte-americana, o que não o impede de cultivar formas inspiradas em Cecil Taylor, com o segundo pé no piano preparado de John Cage. É nesta dialéctica que o disco se estrutura. Inventor de outro tipo de lirismo, Sandell tem vindo a tornar-se num dos pianistas europeus mais originais e interessantes. Em DAMP [(1.Damp (10.11); 2. Perhentian (05.23); 3. To Be (04.25); 4. Ahead (05.04); 5. Flowing (to Sanna) (12.19); 6. The End, And (02.55)], Sten Sandell toca piano, piano preparado, sintetizador, percussão e gongs. Morton Feldman não desdenharia o que aqui se passa.