O baritonista bopper, e também flautista, Cecil Payne, falecido aos 84 anos em Novembro de 2007, e o pianista Duke Jordan (f. 2006) levaram mais de 30 anos a tocar juntos, associação musical que remonta a meados de 50 e se prolongou até ao final da década do 80. Além das actuações em palco, profícua foi a série de encontros discográficos, dos quais a Fresh Sound juntou agora três dos melhores momentos iniciais em CD: Cecil Payne e Patterns of Jazz (Savoy), ambos de 1956, e East and West of Jazz (Charlie Parker Records), de 1962. No primeiro segmento, de 1956, figuram Tommy Potter (contrabaixo) e Art Taylor (bateria). O segundo passa a quinteto e apresenta o trompetista Kenny Dorham. Ambas as sessões, que misturam originais e standards do bop, foram gravadas no Rudy Van Gelder Studio, em Hackensack. No ano seguinte, Cecil Payne viria a participar em Dakar, disco de John Coltrane, ao lado de outro monstro do saxofone barítono, Pepper Adams. A sessão de Fevereiro de 1962, que se seguiu a um breve interregno, em que Payne colocou a música de lado, foi registada nos estúdios da RCA Victor, em Nova Iorque. Além da troca de trompetista, que passa a ser Johnny Coles, também mudam os titulares do contrabaixo (Wendell Marshall) e da bateria (Walter Bolden), sem que daqui resultem grandes variações de estilo.
Além do piano bluesy colorido de Duke Jordan, a reedição põe em evidência a robustez calorosa do som de saxofone barítono de Cecil Payne, cheio de soul, fluidez e um sentido de tempo impressionante. O solo de How Deep is the Ocean (Irving Berlin) vale quase o disco inteiro. O tanto mais que há para ouvir nesta recolha de preciosidades, síntese do som de Charlie Parker e de Lester Young, é bónus. Uma lição de swing com criatividade e inteligência por um consumado mestre do estilo.