David Crigger, Chuck Britt e Michael Vlatkovich assinam este Book III da saga que têm vindo a criar son o alias TRANSVALUE. The ’58 Retractable Hardtop, editado na Transvalue Press, trata de ligar poesia (spoken word) e música das mais diversas tipologias: jazz, pop, funk, música de cinema de todos os géneros, música de circo, de casino, clássica, música séria e a brincar, cabaret, croonerismo, noise convencional e muito mais além, com características conhecidas e identificáveis e outras que se ficam a conhecer. Poesia sobre temas como sexo, moralidade e transcendência, na melhor tradição beat, que Chuck Britt recita com uma voz flexível e bem colocada, capaz de chegar a registos muito diferentes e de acentuar cada verso com o quantum de emoção necessário a criar o efeito pretendido. Entretanto, o trio-base original reforçou-se e expandiu-se substancialmente com a adição de gente notável do jazz experimental e da música improvisada norte-americana, como Dominic Genova (contrabaixo), Glenn Horiuchi (piano), Vinny Golia, Jay Hutson e Bill Plake (sopros), Lou Gonzales e Mark Underwood (trompetes), George McMullen (trombone), William Roper (tuba), Melanie Cracchiolo e Chuck Sabatino (vozes), Warren Hartman (teclados), Mike Turner (congas), Matt Cooker (violoncelo), Jeanette Wrate (percussão). Com um ar bastante 70's, o disco foi produzido com o mesmo gozo e desfaçatez que Frank Zappa colocava nas suas melhores produções daquele tempo, com arranjos luxuriantes e todas as convenções associadas, construídas e logo desmanchadas, para refazer com novas roupagens. As vozes femininas são outro ponto forte, vasto e multifacetado universo de cores, sabores e ideias. Berrante e espalhafatosa, tecnicamente competente e cheia de imaginação criativa, esta é uma aventura divertidamente séria, espirituosa e espontânea, simples e megalómana, que apetece e vale bem a pena viver.