Chegou o novo disco de Lisle Ellis, Sucker Punch Requiem: A Homage to Jean-Michel Basquiat, na nova editora da amiga, promotora e produtora Bonnie Wright, a Henceforth Records. Ainda só lhe passei umas poucas demãos em viagem de automóvel, mas para já, o que retive é altamente positivo. Cruzamentos de electrónica (há anos que Ellis se interessa pelo meio e investiga várias vias de interpenetração das quatro cordas e das fontes digitais), com sons acústicos, a presença a bordo de grandes figuras do jazz, históricos e modernos, da new music e da improvisação livre. A voz espectral e a electrónica de Pamela Z, as flautas de Holly Hofmann, saxofones de Oliver Lake, trombone de George Lewis, piano de Mike Wofford, e a bateria e percussão de Susie Ibarra. Nem sempre as grandes, as maiores figuras fazem um grande disco, mas aqui, salvaguardando a necessidade o rodar mais vezes (tem que ser assim, tanta é a substância que aqui abunda) preliminarmente direi que se trata de uma boa aposta do contrabaixista canadiano Lisle Ellis, há muito radicado nos EUA, primeiro na Costa Oeste e, desde 2005, na Costa Este. O propósito do compositor e produtor da obra foi homenagear musicalmente o pintor norte-americano de ascendência porto-riquenha, Jean-Michel Basquiat (1960-1988), renomado graffiter e neo-expressionista abstracto que viveu e trabalhou em Nova Iorque, celebrizado sobretudo pelos extensos murais de temática sócio-política, pintados na Big Apple dos anos 80, personalidade que inspirou inúmeros artistas plásticos e de todas as artes. É daqui que em parte resulta Sucker Punch Requiem: A Homage to Jean-Michel Basquiat, uma elegia que exprime o respeito e a admiração do músico, e dos que o acompanham, pelo artista plástico. Boa malha, ainda só com escassas pincelada. E com potencial para "crescer" em audições repetidas. Para quem gosta da competição, este é bem capaz de se alcandorar a um lugar no pódio dos magníficos de 2008. Eu seja surdo se não estou a falar verdade.
Jean-Michel Basquiat, Fool's Fetish (1984)