Steuart Liebig, contrabaixista e compositor de ofício, não é dos nomes que no panorama do jazz/improv actual mais entre pelos ouvidos dentro. Menos por falta de interesse da sua música, que por nele repararem os media, generalistas ou especializados. É mais um segredo bem guardado de Ventura, Califórnia. No entanto, uma leitura atenta das contracapas de alguns dos discos mais importantes que têm vindo ao mundo a partir daquelas paragens, revela que Stuart Liebig tem estado em grande actividade, tanto no desenvolvimento dos seus próprios projectos, como na colaboração com gente da estirpe de Vinny Golia e outros papas da música improvisada da Costa Oeste dos EUA.
Para Sulphur (enxofre) - nome que evoca algo essencial tanto à vida da células como à morte dos seres vivos, elemento químico que, por exemplo entra na composição de fertilizantes, pólvora ou insecticidas -, Steuart Liebig escreveu três peças fragmentadas, Kaleidoskope (44’44), subdividida em 23 miniaturas. De tonalidades escuras, a peça desenvolve-se com um grande painel de mosaico, construído pedaço a pedaço e organizado segundo os princípios da forma poética japonesa Haiku: depuração, beleza, simplicidade e fluência. The Cherry Blossom is Only Perfect When it’s Falling From the Tree (17’16), também segue a forma poética, só que aqui a composição é em terza rima, ABA, BCB, CDC, etc, e apresenta-se como um movimento contínuo subdividido em 13 partes, formando palíndromos harmónicos. Necrological Pieties (4’16), tema que encerra Sulphur, peça de dança, foi escrita para a coreógrafa e bailarina Shuriu Lu, e privilegia o uso de técnicas extensivas de todos os instrumentos.
Música centrada na fala colectiva, de onde se autonomizam as vozes solistas, como forma de avançar no terreno, ocupar novos espaços, onde o colectivo se reagrupa para de novo levantar ferro e estabelecer-se mais adiante. Steuart Liebig (baixo), Andrew Pask (clarinete e clarinete baixo), Sara Schoenbeck (fagote) e Brad Dutz (bateria, marimba e percussão), formam um pequeno grupo de câmara – o quarteto MINIM – companhia ideal para dar sequência a este projecto musical, que para Braxton caminha e de Braxton regressa ao ponto de partida, vivendo por dentro do cruzamento de linguagens. De todas, a new music é a que mais se fala, em concomitância com o afluente do jazz post-bop, numa confecção que se pode designar genericamente por moderna improvisação West Coast. Gravação de 2007, editada pela pfMENTUM com produção de Jeff Kaiser.