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6.3.07
 

Nas notas que escreveram para Streaming (PI Recordings, 2006), Muhal Richard Abrams, George Lewis e Roscoe Mitchell abordam o fascínio que sentem pelo som organizado enquanto fenómeno físico e sensorial, das experiências musicais vividas tanto em larga escala como em partículas de tempo, e da sua projecção no espaço enquanto modos de exprimir diferentes formas de comunicação. Como “manifestações de abertura e confiança”, refere George Lewis.
Ouvindo Streaming, não pode deixar de se pensar e sentir o que aquelas ideias encerram. E mais: a perfeita empatia e entendimento de três músicos improvisadores “natos”, que põem em prática, conjuntamente, uma experiência comum de procura e investigação sonora que se iniciou há 40 anos, no âmbito da Association for the Advancement of Creative Musicians (AACM), a grande Escola de Chicago.
A ideia de tocarem e gravarem juntos outra vez (os primeiros encontros datam da década de 70) surgiu na sequência da participação de Abrams, Lewis e Mitchell na Bienal de Veneza, em 2003. A reunião obteve o sucesso artístico esperado e o trio, inspirado pelos sons de Veneza, decidiu reencontrar-se dois anos depois, para uma sessão de estúdio, no Systems Two, Brooklyn, NY. E aqui temos o impressionante resultado: mais de 70 minutos de música repartidos por 5 peças (Scrape, Bound, Dramaturns, Soundhear e Streaming), composições instantâneas minuciosamente talhadas e executadas no espírito futurista da AACM por três artesãos que põem a mão na massa, sábios na arte de ouvir e conversar entre si em diferentes idiomas, sejam eles o jazz, a clássica contemporânea, a electrónica ou a electroacústica, a partir uma base instrumental de piano, flautas, percussão, trombone, laptop e saxofones. O processo é simples: alguém avança com uma ideia, apresenta os seus pressupostos, seguindo-se as respostas numa sequente cadeia de estímulos e reacções. É deste modo se criam os cinco grandes quadros narrativos de cores escuras, que plasmam contínuas mutações espácio-temporais, diferentes registos, texturas e variações de intensidade, sem jamais hesitar na escolha das soluções nem carregar nas tintas em demasia. Revelando um uso inteligente do silêncio e dos movimentos que espelham graus diversos de sustentação e intensidade, mais que o resultado de um encontro histórico, Streaming é um disco triunfante – a celebração plena de sentido de um universo musical complexo na formulação (open improvisations) e paradoxalmente simples no acto de desvendar.
Streaming - Muhal Richard Abrams / George Lewis / Roscoe Mitchell (PI Recordings)


 


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