O quarteto britânico Mujician, à semelhança do que acontece com tantos outros criadores individuais ou colectivos, fez apenas um disco em vários volumes. Assim tem sido desde que, há perto de 20 anos, sob o mesmo chapéu e nome - que reproduz a sonoridade produzida pela filha de Keith Tippet, então criança, quando dizia que o pai era mujician - se reuniram o pianista Keith Tippett, Paul Dunmall (saxofones tenor e soprano), Paul Rogers (contrabaixo) e Tony Levin (bateria). Quatro mestres da gestão dinâmica do tempo e do espaço, exímios na forma como doseiam improv e free jazz de cor britânica, e combinam força telúrica e alta tensão com momentos de tranquila introspecção. Começou com The Journey, a que se seguiriam em ciclos irregulares Poem About a Hero, Birdman, Colours Fulfilled, Spacetime. E, há poucos meses, There’s No Going Back Now. Sempre sem desníveis de qualidade, nem grandes variações formais ou substanciais. O mais recente Mujician foi gravado ao vivo. São 45 minutos num único tema de criação espontânea. A mesma musicalidade, empatia e inventividade de sempre. There’s No Going Back Now é o mais maduro e acutilante dos discos dos Mujician, um dos grandes discos de 2006. Editado pela norte-americana Cuneiform Records, é distribuído pela Wayside.