Ideias vão e vêm, perfurantes e insidiosas. A direcção é fruto do primeiro elemento. Onde estamos? Aqui. Onde é que vamos parar? Não se sabe, ninguém sabe. Onde está o centro deste universo onde tudo é periferia? Nas ligações, na reciclagem de resíduos, acidentes, memórias e campos magnéticos, nas emergentes estruturas moleculares que do erro se alimentam e fundem numa linguagem espectral, improvisada, hipnótica, concretista – experimental industrialismo free sónico de humana dimensão.
É no cosmos que residem os fundamentos e a natureza da substância que apela à invenção de uma nova cartografia que possa induzir o movimento. «The Cosmos is not engaged with along the lines of its affective connections to what is beyond it, because, by definition, there is nothing beyond it. Therefore it is that "the conception of which does not depend on the conception of another thing"» - Benedictus De Spinoza, “Ethics”.
Impõe-se, pois, recomeçar, enquadrar e retomar o pensamento fundacional, colocá-lo nos mesmos trilhos, mas com nova direcção, tendo em conta que não há saída possível. No entanto, sempre é viável ensaiar novos circuitos que ponham fim aos ciclos anteriores e, noutros moldes, recoloquem os termos da discussão. Mécanosphère continua a fazer o que tem a fazer. «Limb Shop». Benjamin Brejon, Adolfo Luxúria Canibal, Scott Nydegger. Le Pilote Rouge, Henrique Fernandes e Steve Mackay.
Ed. Ragingplanet, Base Recordings e Fonoteca Municipal de Lisboa, 2006.
Mécanosphère toca na ZDB, sábado, 1 de Julho.