Alarm!
Em 1981, a editora alemã Free Music Production (FMP) publicou "Alarm", do Peter Brötzmann Group. Um disco de estalo (stricto sensu) que foi caindo no esquecimento, por não ter havido reedição do Lp original. Uma vez mais, cumprimentos devem ser dirigidos a John Corbett, pela paciente diligência que tem posto na redescoberta e colocação no mercado de obras importantes do free jazz e da free improv das décadas de 60, 70 e 80. Como é o caso deste "Alarm", que ficou para a história como um dos grandes discos de uma banda enorme (que não em tamanho, pois de um noneto se tratava) do lendário Peter Brötzmann, que investia tudo no som cru, por vezes brutal, outras quase lírico. A bordo, além de Brötzmann, um all-star internacional do melhor que na Europa, à época, se dedicava às delícias da free music: o japonês Toshinori Kondo, trompete; o reverendo norte-americano expatriado na Europa, Frank Wright, saxofones; o holandês voador Willem Breuker, também em saxofones; o britânico Alan Tomlinson e o alemão Hannes Bauer em trombone; os sul-africanos expatriados em Londres, Harry Miller, em baixo eléctrico, e Louis Moholo, bateria. E Alexander von Schlippenbach, piano. Que tal?! Conta-se que a certa altura, quando o grupo tocava Jerry Sacem, tema do reverendo Wright, o concerto na Funkhaus de Hamburgo (NDR Jazzworkshop) teve que terminar subitamente, devido a ameaça de bomba na sala. Bom, que havia bomba na sala era notório; mais que ameaça – uma realidade, como se pode ouvir. Quando muito poderia ter havido duas bombas, o que, bem vistas as coisas, talvez fosse demais e nem Brötzmann precisaria desse tipo de concorrência desleal. Comparações? Bom, quem ouviu "Machine Gun" saberá certamente ao que vai. Quem não ouviu, prepare-se para esta boa amostra da “hell raising capacity” de Herr Brötzmann e companhia. Não há ferrugem que resista. Nem bom ouvido. «The story is simple. We were touring with this band, and the reason I could put the band together in the first place was a radio gig in Hamburg. Michael Naura, chief of the jazz dept there, was setting up a series of on-air concerts in a 200-seat studio, so we performed the first piece, which I called "Alarm." I used the graphic instructions for a reaction to a nuclear emergency, a series of waves and straight tones, repeated in a certain way. We had planned two more pieces, one by Willem Breuker and one by Frank Wright. My piece took about 40 minutes, the first half of the concert. At the end of the performance, Naura came to me – while we were still on the air – and whispered that the house got a bomb threat and had to be evacuated. So I had to bring the piece quickly to and end and the audience was asked to leave the hall. We also had to pack and leave. Police and special forces showed up with all kinds of equipment, gear, dogs – we know all that better now than then. That was the end of the concert and that’s the 40 minutes we have on tape». -Peter Brötzmann, Chicago, October 2005